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Em mais uma lambança em torno da vacinação contra a Covid-19 no país, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que partiu dele mesmo a iniciativa de suspender a imunização de adolescentes, de 12 a 17 anos, com a segunda dose. A medida foi anunciada ontem (16) e tem provocado enorme polêmica entre governadores e especialistas. O governador de São Paulo, João Doria Jr., criticou a medida e afirmou que manterá o calendário de vacinação de adolescentes no estado.
A princípio, foi veiculada a informação de que Queiroga tenha sido orientado nesse sentido pelo presidente Jair Bolsonaro, que comentou o assunto em sua tradicional live de quinta-feira.
Mas, em entrevista à colunista Mônica Bergamo, do jornal “Folha de S.Paulo”, nesta sexta-feira (17), ele negou que a ideia partiu do presidente. "Bolsonaro não mandou nada. O presidente não interfere nisso daí", afirmou Queiroga.
O ministro ainda comentou que Bolsonaro apenas recebe informações e as repassa a ele. "Bolsonaro é o presidente da República. Conversamos várias vezes por dia. E ele sabe de alguma coisa e me diz 'Queiroga, veja isso aí’.”
No entanto, durante coletiva à imprensa ontem, o ministro da Saúde reconheceu que Bolsonaro questionou a vacinação de adolescentes naquela faixa etária.
"O presidente me cobra todo dia essas questões de vacinação, sobretudo com essa questão dos adolescentes", disse o ministro aos jornalistas, complementando: "O presidente é muito preocupado com o futuro do país. Hoje mesmo ele me ligou: 'Queiroga, olha aí'. Sim senhor, presidente, pode ficar tranquilo que vamos olhar isso aqui com cuidado".
Na live de ontem, o presidente disse, no entanto, que deu suas “opiniões” sobre o assunto.
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Segundo o ministro disse ao jornal, a suspensão da vacinação de adolescentes começou a ser discutida na quarta (15). “Eu fui a São Paulo e tomei conhecimento de um evento adverso que pode estar relacionado à vacina. A minha obrigação é averiguar", afirmou.
O Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo investiga a morte de uma adolescente de 16 anos, moradora de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, que estaria relacionada à aplicação da vacina da Pfizer, a única autorizada para esta faixa etária pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ela foi imunizada oito dias antes do óbito.
O protocolo, nestes casos, é o de que haja uma apuração. Mas, até o momento, não há comprovação de que o óbito esteja relacionado à vacina.
Queiroga explicou que seguiu o mesmo protocolo adotado quando uma grávida morreu após aplicação da vacina da AstraZeneca, em maio. "O gestor sou eu, e não o pessoal que dá entrevistas em TVs. Eu sou o responsável. Houve um evento adverso grave, eu tenho o compromisso de investigar", disse.
Segundo o ministro, após tomar conhecimento da morte da adolescente, ele pediu à sua equipe que levantasse na base do Sistema Único de Saúde (SUS) o número de pessoas de 12 a 17 anos que já tinham sido imunizadas. E disse que se espantou com o número de mais de 3,5 milhões de imunizados.
Críticas
O médico Luis Fernando Correia, que é comentarista de saúde da “Rádio CBN”, criticou hoje, durante sua coluna no “Jornal da CBN”, a postura do ministro.
Segundo ele, a “OMS (Organização Mundial da Saúde) nunca contraindicou vacinação de adolescentes”, e que “não tomar a vacina e pegar a Covid tem um risco 16 vezes maior de se fazer uma miocardite (inflamação do músculo do coração)”, disse.
Com informações da Folha de S.Paulo e Rádio CBN