Notícia
Parlamentares, movimentos sociais e a população cobraram respostas do governo de João Doria Jr. sobre o fechamento dos prontos-socorros de seis hospitais, em audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), realizada na semana passada, após visita de fiscalização nas unidades.
A sessão buscou ouvir a população sobre os impactos da medida. Porém, nenhum dos representantes do governo, convidados pelos parlamentares, compareceu à reunião para dar explicações.
Desde fevereiro, foram fechados os prontos-socorros dos hospitais gerais do Grajaú e de Pedreira, na zona sul. Assim como os de Santa Marcelina e da Vila Alpina, na zona leste da capital paulista. Também foram fechados os prontos-socorros dos hospitais Geral de Itapecerica e de Franco da Rocha, na região metropolitana de São Paulo. A justificativa do governo é que o serviço de pronto-socorro deve ser realizado pelos municípios, em unidades de atenção primária ou secundária, como UBSs, AMAs ou UPAs.
Mas a conselheira participativa da subprefeitura da Cidade Ademar, na zona sul, Mayara Torres, diz que até hoje a população não recebeu qualquer explicação sobre o fechamento das unidades. “Nós estamos aí soltos, confusos, sem saber o que fazer e sem resposta. Porque o governo João Doria é isso, descaso, desprezo à participação social e à ideia de decidir junto com a população”, contestou.
Impactos do fechamento
Na prática, a medida prejudicou o atendimento de aproximadamente 3 milhões de pessoas, que agora precisam se deslocar mais para conseguir atendimento. Na região do Grajaú, além do Hospital Geral, o pronto-socorro municipal Maria Antonieta de Barros também está fechado, em reforma. A gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) prometeu entregar as obras em 9 de setembro, mas agora informa que só deve concluir os trabalhos no final de novembro.
Para o coordenador do Movimento Popular de Saúde da Capela do Socorro, Humberto dos Santos, a situação mostra um “imenso descaso com a população”. Humberto destacou que os atendimentos foram concentrados nas AMAs Icaraí e Castro Alves, que já estavam operando com alta demanda “e agora ficaram absolutamente lotadas”.
Moradora da zona leste da cidade e vizinha do Hospital da Vila Alpina, Teresa Ribeiro considera “um crime” o fechamento dos prontos-socorros dos hospitais pelo governo Doria. “São mais de um milhão e meio de habitantes (na região). Para onde eles vão?”, questiona. “Eles vão para a UBS que não funciona? Para o HC e os hospitais que estão com os prontos-socorros de portas fechadas? Crime, o nome disso é crime. João Doria comete um crime. Estes hospitais deveriam ter um pronto-socorro ampliado, mais médicos contratados. Os equipamentos estão velhos, todo mundo reclamando que não consegue consulta para fazer um ultrassom, imagina fechar um pronto-socorro”, critica.
Economia sobre os mais pobres
O deputado estadual Enio Tatto (PT), que convocou a audiência, avalia que o único objetivo da medida é a economia de recursos. Durante a sessão, o parlamentar ressaltou que nenhum hospital de área nobre teve seu pronto-socorro fechado.
“O que significou para um estado que tem R$ 286 bilhões de orçamento e que, no mínimo, 12% tem que ser investido na saúde, mas o estado não investe?”, pergunta. “O estado está economizando fechando os prontos-socorros, e para onde está indo esse dinheiro?. Ele está fazendo caixa e vocês sabem muito bem para o que”, denunciou. Tatto também lamentou o que considerou “falta de compromisso” dos gestores do governo Doria, que não compareceram à audiência para explicar o fechamento das unidades.