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    Bem-estar: há espaço para o corpo gordo na sociedade
    Autor: Redação - SindSaúde-SP
    20/12/2021

    Crédito Imagem: SindSaúde-SP

    A luta contra o preconceito racial, de gênero, sexual faz parte das pautas tratadas pelo SindSaúde-SP. Hoje, vamos debater com você, caro(a) leitor(a), outro tipo de discriminação, a gordofobia, a qual, assim como as outras formas de preconceito, também deixa marcas profundas nas vítimas.

     

    Na terça-feira (14), Aline Ribeiro, mestre em História pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e doutoranda pela Universidade de São Paulo (USP), publicou um artigo no site “CCN” abordando a necessidade de a sociedade parar de tratar as pessoas gordas apenas como desajeitadas ou engraçadas, descartando todas as outras qualidades que elas têm a oferecer. “O lugar da pessoa gorda é o lugar ser humano, ou seja, no lugar que ela quiser”, destaca Aline.

     

    Além disso, a historiadora também frisou a importância de as pessoas gordas entenderem o formato de seu próprio corpo e se apropriarem dele. Nesse sentido, ela destacou os movimentos como body positive (corpo positivo, na tradução do inglês), que têm como objetivo desconstruir o modelo de beleza padrão imposto pela sociedade.

     

    Para ela, é necessário discutir sobre esse tema, normalizando a ideia de que corpos são diferentes e que as pessoas não devem ser reduzidas a eles. “Esses movimentos deixam clara a necessidade de combater urgentemente o ódio ao próprio corpo e promover o acolhimento desse que se faz presente em todos os momentos de nossas vidas”, escreveu Aline.

     

    Aline finaliza seu artigo convidando as pessoas gordas a ocuparem seu espaço na sociedade, valorizando seus corpos e sendo “porta-vozes” desse movimento de aceitação. “Esse texto tinha como objetivo alertar ao leitor para a urgência que existe sobre esse tema e como todos devem fazer parte desse processo de reflexão. Pessoas magras são convidadas a desconstruir preconceitos para enxergar o diferente sem estereotipá-lo”, escreveu. 

     

    Para ler o artigo de Aline Ribeiro na íntegra, clique aqui

     

    É preciso cuidar-se!

    É importante ressaltar aqui que abordar a autoaceitação não significa incentivar a obesidade. Ninguém está falando para se alimentar apenas com fast-foods muito menos para tomar litros de refrigerante. A questão é: existem biotipos, ou seja, pessoas com estrutura óssea diferente, com tipos de metabolismo, de massa muscular e com quantidade de gordura variada. Todas essas características podem impactar se o indivíduo vai alcançar ou não o tal corpo padrão.

     

    A médica Andressa Heimbecher, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP) explicou, em entrevista à reportagem do SindSaúde-SP, que o importante é ficar de olho se a saúde está em ordem e destacou que isso não significa ser magro. “Eu tenho pacientes que são muito magros e que têm problemas de saúde”, aponta a endocrinologista, completando: “Não existe peso ideal. O importante é o peso que o faça feliz e que, ao mesmo tempo, você tenha saúde. É o equilíbrio.”

     

    Índice de Massa Corpórea

    Outro ponto que a endocrinologista destaca é a forma de avaliar o quadro geral de saúde de cada um, que não se deve levar em consideração apenas o cálculo do Índice de Massa Corpórea (IMC) – que é o resultado do cálculo do peso (em kg) dividido pela altura ao quadrado (peso ÷ (altura x altura) –, como era de costume até alguns anos.  

     

    Por exemplo: para calcular o IMC de uma pessoa com 60,5 quilos e 1,70 metro de altura, usamos a seguinte fórmula: 60,5 dividido 1,70 vezes 1,70 = 60,5 / 2,89 = 20,93. Este será o IMC da pessoa, considerado normal.

     

    São considerados normais IMCs na faixa de 18,5 e 24,9; sobrepeso I IMCs entre 25,0 e 29,9; obesidade II quando estão entre 30,0 e 39,9; e obesidade grave (III) quando ficam acima de 40,0.

     

    “A pessoa pode estar classificada com IMC com sobrepeso, mas, ao mesmo tempo, ter os resultados dos exames todos normais e estar saudável”, pondera. Andressa usa como exemplo os lutadores de MMA, os quais, segundo ela, tem o IMC considerado como de obesidade (resultados acima de 30). “Eles são obesos? Não! Porque eles têm um percentual de gordura muito baixo. Então, tudo vai depender de uma avaliação completa desse paciente”, afirma a endocrinologista, que também explica que essa avaliação pode ser feita por meio exames de sangue e de imagem sob a indicação médica.

     

    Circunferência

    Andressa aponta que há alguns cenários que devem ser considerados, como pessoas com acúmulo de gordura na região da barriga, porque é “mais inflamada”, mas também há pessoas têm maior concentração de gordura na região das coxas e bumbum, o que, segundo ela, não causa tanta preocupação em relação à saúde. “Vamos nos preocupar com parâmetros, quando a pessoa já está em índice de obesidade e que precisam ser melhorados, como colesterol, glicose, gordura no fígado”, explica.

     

    “O padrão não deve ser estético, o padrão deve ser do corpo que é adequado para a felicidade e saúde daquela pessoa”, enfatiza a médica e completa: “Pois não adianta a pessoa querer emagrecer e todas às vezes que for comer se sentir culpada e ficar triste com isso.”

     

    O SindSaúde-SP tem como missão, além de defender as trabalhadoras e os trabalhadores da saúde e o pleno funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS), a defesa pelo estado democrático de direito e, por isso, luta para que tenhamos uma sociedade justa, diversa e com equidade.

     










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