A demora do Ministério da Saúde para resolver os problemas causados pelo ataque hacker (criminosos que atacam sistemas eletrônicos) impacta diretamente nos dados relacionados ao aumento de internações devido ao coronavírus e à epidemia da nova variante da gripe, a H3N2.

Após 11 dias do ataque, o ministério só conseguiu restabelecer uma das plataformas que foram atingidas, o e-SUS Notifica, site que reúne as informações sobre casos e mortes relacionadas à Covid-19.

Segundo fontes ouvidas pelo portal de notícias “UOL”, sem os dados para avaliar a atual situação pandêmica, o Sistema Único de Saúde (SUS) “atrasa seu poder de resposta em meio à circulação de dois vírus ao mesmo tempo – que muitas vezes causam sintomas semelhantes nos infectados”.

“Sem os dados, a gente não sabe se os casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) estão aumentando e se esses casos são Covid ou Influenza (gripe)”, disse Isaac Schrarstzhaupt, analista de dados e coordenador na Rede Análise Covid-19 à reportagem do portal de notícias.

Estados cobram governo federal

O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) confirmou, em nota à reportagem do “UOL”, que o ataque “impactou fortemente o monitoramento das duas epidemias (Covid-19 e Influenza H3N2).”

Segundo o conselho, nos primeiros dias após o ataque, houve paralisação do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe, o Sivep-Gripe, e os casos de SRAG não puderam ser notificados — sejam aqueles causados pelo coronavírus, da gripe ou outros vírus respiratórios.

“Os casos leves de Influenza são monitorados somente em unidades sentinelas, em que este também é o sistema utilizado. A alimentação do sistema já foi retomada, mas o acesso dos estados às informações através de API ainda não foi retomado.”

Dados de vacinação

Já a plataforma Conecte-SUS, na qual é possível ter acesso ao passaporte de vacina contra a Covid-19, continua fora do ar desde o dia 10 de dezembro. Ainda assim, o Ministério da Saúde enviou uma nota ao “UOL”, argumentando que “a pasta atua com agilidade para o restabelecimento de todas as plataformas impactadas o mais breve possível”.

Na ocasião do ataque cibernético, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, afirmou que existia um backup dos dados, ou seja, a pasta teria cópias de segurança dos dados das plataformas e que a equipe ministerial tinha boas expectativas para solucionar o problema causado pela invasão.

MPF

O Ministério Público Federal (MPF) enviou um oficio ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na última sexta-feira (17), para que dê explicações sobre a invasão aos sistemas, tendo em vista que são dados pessoais sensíveis de toda a população brasileira.