Em mais uma queda de braço com o governo federal, o governador de São Paulo, João Doria Jr., anunciou, nesta quarta-feira (5), que quer vacinar todas as crianças na faixa dos 5 aos 11 anos contra a Covid-19 em três semanas. No entanto, para iniciar a campanha o estado precisa da liberação de vacinas da Pfizer por parte do Ministério da Saúde, pois este imunizante é o único autorizado para essa faixa etária. Ou então, que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) atenda ao pedido do Instituto Butantan para autorizar o uso da CoronaVac nesse público.

A vacinação de crianças foi autorizada, em 16 de dezembro, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mas o governo federal recusou-se a acatar a recomendação do órgão, sob a justificativa de que a vacina é perigosa para o público infantil, o que não é verdade.

Para tentar postergar ao máximo o início da imunização daquela faixa etária, o Ministério da Saúde defendia a necessidade de prescrição médica. Diante da polêmica, optou por fazer uma consulta pública muito criticada por especialistas, para verificar se a população concordava com a exigência de prescrição.

A consulta pública teve início em 24 de dezembro e terminou em 2 de janeiro. O resultado, divulgado ontem (4), mostrou que a maioria dos quase 100 mil respondentes disseram ser contrários à necessidade de prescrição médica, o que foi um balde de água fria no governo, que, mesmo assim, disse que somente hoje (5) anunciaria uma decisão final sobre o tema.

São Paulo

Assim como vem acontecendo com outros estados, Doria, que é pré-candidato do PSDB à Presidência da República, também decidiu correr por fora e anunciar a vacinação de crianças, que já vem ocorrendo em outras partes do mundo e é recomendada por especialistas. Desde o início da pandemia até hoje, mais de 1.100 crianças morreram no Brasil de Covid-19.

O estado de São Paulo tem capacidade para aplicar 250 mil doses de vacina por dia, possibilitando que as 4,3 milhões de crianças dos 5 aos 11 anos tomem ao menos uma dose do imunizante da Pfizer em, no máximo, três semanas.

“Temos a vacina infantil contra a Covid-19 aprovada há quase um mês pela Anvisa. Por ações deliberadamente protelatórias, o Ministério da Saúde ainda não disponibilizou a vacina para que as crianças possam ser imunizadas”, reforçou o governador na coletiva de imprensa de hoje.

Plano estadual

O Plano Estadual de Imunização (PEI) prevê que a vacinação será iniciada com as 850 mil crianças com comorbidades, quilombolas e indígenas. Depois, elas serão escalonadas por idade.

São Paulo também aguarda a resposta da Anvisa para o uso da CoronaVac em crianças, que deveria ter sido dada até anteontem (segunda), mas isso ainda não havia acontecido até o fechamento deste texto.

O governo do estado disse ter 12 milhões de doses do imunizante fruto de parceria entre o Instituto Butantan e a chinesa Sinovac. Também foram adquiridas 9 milhões de seringas e agulhas para uso na vacinação infantil.

Com informações do governo do estado e do UOL