Notícia
Na manhã desta segunda-feira (10), a agente de saúde Sandra dos Santos, 51 anos, chegava para cumprir mais uma jornada de trabalho no Programa Acompanhante de Idosos (PAI), no AE (Ambulatório Especializado) Mooca – Dr. Ítalo Domingos Le Vocci, quando foi assassinada pelo ex-companheiro com ao menos três tiros. O feminicídio expõe a vulnerabilidade a que os(as) profissionais de saúde estão expostos(as) nas unidades de trabalho.
Conforme relatos de colegas de Sandra na unidade, a agente social do PAI tinha sido levada pelo atual namorado ao trabalho, onde chegou por volta das 7h. O ex-companheiro estaria de campana esperando por ela e, assim que entrava no local, foi surpreendida com um tiro.
Ainda segundo os relatos, ela teria tentado correr para dentro do AE pela porta central, mas não houve tempo. O criminoso teria feito outros dois disparos, matando-a. Ele se suicidou em seguida.
Na manhã da última sexta-feira (7), uma técnica de enfermagem foi agredida por um homem dentro da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) São João, em Guarulhos, na Grande São Paulo. O agressor seria paciente da unidade e a agressão foi gravada por câmeras de segurança.
Falta segurança
Para a diretora do SindSaude-SP Adriana Arduino (Região Leste I), o AE Mooca, uma das poucas unidades vinculadas à Prefeitura de São Paulo que ainda não têm organizações sociais atuando, não possui segurança às trabalhadoras e trabalhadores.
“A unidade é extensa, mas não tem rota de fuga. Se o criminoso fosse um atirador que chegasse disparando contra todos, eles não teriam para aonde fugir”, disse a diretora, que lamentou profundamente o assassinato da trabalhadora.
De acordo com Adriana, há trabalhadores(as) estaduais lotados no AE Mooca e, por essa razão, ela enfatiza a importância de governo do estado e prefeitura fazerem esforços para ampliar a segurança de profissionais de saúde e pacientes. “Não tem cabimento unidades de saúde não terem rota de fuga para preservar a segurança de trabalhadores(as) e pacientes”, enfatizou a diretora.
Feminicídio
Os crimes contra mulheres, incluindo transexuais, cresceram durante a pandemia de Covid-19. A maioria dos feminicídios, estupros e outras formas de violência, a exemplo da que aconteceu com a trabalhadora do AE Mooca, é cometida por namorados, maridos, ex-namorados, ex-maridos ou outros membros da família.
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança mostram que, no primeiro semestre de 2021, os estupros subiram 8,3%, passando de 24.664 para 26.709 notificações.
No mesmo período, foram registrados 666 feminicídios, o maior número já registrado para um semestre desde que teve início a série histórica, em 2017.
A secretária da Mulher Trabalhadora do SindSaúde-SP, Maria Aparecida de Deus, a Cidinha, disse que é preciso realizar mais campanhas para orientar as mulheres a denunciarem esses tipos de crimes.
“É preciso que a mulher vítima da violência se sinta segura para denunciar, pois normalmente ela está sob o mesmo teto que o agressor e não recebe a proteção correta quando faz a denúncia. Nós ainda não sabemos o que aconteceu com essa trabalhadora da AE Mooca, se ela já havia denunciado o ex-companheiro, mas a maioria delas não têm coragem, porque o Estado não é capaz de garantir-lhes proteção”, frisou a secretária.
Serviço
Se você, profissional de saúde, está sendo vítima de violência, denuncie! Você pode ligar para a Polícia no 190 ou no 180 (Central de Atendimento à Mulher).
Para sinalizar que está sendo vítima de violência, você também pode pedir ajuda desenhando um X vermelho na palma de uma das mãos, como sugere a campanha “Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica”.
Você também pode contar com o SindSaúde-SP para apoiá-la.
Juntos somos mais fortes!