Notícia
A campanha Janeiro Branco foi criada em 2014, em Uberlândia (MG), pelo professor e psicólogo mineiro Leonardo Abrahão, com o objetivo de conscientizar a população sobre os cuidados com a saúde mental. Janeiro foi escolhido pelo fato de ser o primeiro mês do ano, quando sempre damos aquela pausa para elaborarmos nossa lista de resoluções para o novo ciclo que se inicia. A vida, em janeiro, é como se fosse
Pensar sobre saúde mental nunca foi tão importante na história da humanidade. Estamos no terceiro ano da pior crise sanitária em cem anos e, infelizmente, adentramos 2022 com nova onda da Covid-19, com a variante ômicron mais transmissível e, não bastasse isso, também convivemos com uma epidemia de gripe.
Com mais casos das duas doenças após as festas de fim de ano, quando os protocolos sanitários foram afrouxados pela maioria dos brasileiros, o sistema de saúde público brasileiro, principalmente, voltou a ficar sobrecarregado, exigindo mais dos profissionais de saúde, que estão exaustos desde o início da pandemia.
Transtornos mentais
De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), a campanha visa chamar a atenção para as necessidades relacionadas à saúde mental e emocional das pessoas e das instituições humanas.
Entre os transtornos mentais, estão depressão, transtorno afetivo bipolar, esquizofrenia e outras psicoses, como demência, deficiência intelectual e transtorno de desenvolvimento, incluindo autismo.
Mas, com o passar dos anos e a precarização do mercado de trabalho, a carga de transtornos mentais continua crescendo, com impactos significativos sobre a saúde e as principais consequências sociais, de direitos humanos e econômicas em todos os países do mundo.
Estudo
Estudo conduzido pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMUSP-Ribeirão), com 916 profissionais de saúde que atuam na linha de frente da Covid-19 de todo o país, apontou que 36% deles indicaram algum tipo de transtorno mental, como ansiedade, depressão, insônia e estresse pós-traumático.
Os gatilhos apontados pelos profissionais de saúde para os problemas mentais reportados estão medo de se infectar e contaminar familiares, trabalhar na linha de frente e realizar hora extra.
Do total de participantes que apresentaram algum tipo de transtorno mental, 61% revelaram ter insônia; 43%, ansiedade; 40%, depressão; e 36%, estresse pós-traumático.
Outros dois estudos, da Internacional de Serviços Públicos (ISP), à qual o SindSaúde-SP é filiado, e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) também abordam o tema.
Na pesquisa da ISP, “Trabalhadoras e Trabalhadores Protegidos Salvam Vidas”, 54% dos participantes afirmaram que estão em sofrimento psíquico. Destes, 63,58% afirmaram que trabalham por mais de 12 horas por dia. Outro dado da pesquisa apontou que, ao relatarem o sofrimento pelo qual estão passando, as palavras mais citadas por esses(as) trabalhadores(as) eram “ansiedade”, “medo”, “estresse”, angústia”, “depressão”, “tristeza”, “pressão” e “insegurança”. Clique aqui para ver a pesquisa completa.
Já para a pesquisa “Condições de Trabalho dos trabalhadores da Saúde no contexto da Pandemia da Covid-19”, da FioCruz, os profissionais declararam que estão sofrendo com perturbação do sono (15,8%), irritabilidade/choro frequente/distúrbios em geral (13,6%), incapacidade de relaxar/estresse (11,7%), dificuldade de concentração ou pensamento lento (9,2%), perda de satisfação na carreira ou na vida/tristeza/apatia (9,1%), sensação negativa do futuro/pensamento negativo, suicida (8,3%) e alteração no apetite/alteração do peso (8,1%). Clique aqui para ver este estudo.
Serviço
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O Centro de Valorização da Vida (CVV) é um serviço gratuito e sigiloso, que funciona 24 horas por dia. Para mais informações, ligue no 188 (ligação gratuita).
Acesse o site do CVV para saber outros meios de entrar em contato com o serviço: https://www.cvv.org.br/