Notícia
A secretária-geral do SindSaúde-SP, Célia Regina Costa, participou do programa Fórum Sindical, que é um quadro do Jornal da Fórum, na última quinta-feira (20). O programa, que é veiculado pelo Youtube e Facebook, discutiu a situação dos trabalhadores e das trabalhadoras da saúde durante a pandemia de Covid-19, principalmente diante do grande número de afastamentos entre profissionais da saúde desde o início deste ano (assista à entrevista na íntegra ao final do texto).
Mesmo diante de toda a dedicação dos profissionais da saúde para manter o sistema funcionando, a diretora do SindSaúde-SP falou sobre a falta de valorização que as trabalhadoras e os trabalhadores estão enfrentando, especialmente agora com as longas filas devido à falta de trabalhadores para atender à demanda.
“Estamos sem profissionais para atender porque também somos feitos de carne e osso e estamos contaminados. Por isso, estamos de licença”, relatou Célia, que completou: “Estamos vivendo o caos, com os trabalhadores afastados com dificuldade de atender a população, além da falta de insumos. São duas tragédias: a tragédia trabalhista em cima dos trabalhadores da saúde e a tragédia da pandemia”.
Reclamações da audiência
O mediador do debate, Anderson Moraes, falou sobre os relatos que chegaram ao programa “Fórum Sindical” sobre trabalhadores que tiveram atestados de apenas cinco dias e não mais de 10 como era o protocolo anterior para os casos de Covid-19. Além disso, estão sofrendo assédio de seus superiores para retornar antes do término do atestado.
“Agora, com o WhatsApp, os trabalhadores estão recebendo diversas mensagens de seus supervisores cobrando que, se os profissionais estão se sentido bem, já poderiam retornar ao trabalho”, relatou Moraes.
Célia avaliou que situações como essas são “atrocidades”. “Estão afastando os trabalhadores assintomáticos por apenas cinco dias, quer dizer: isso é de uma tamanha irresponsabilidade, seja do gestor público, seja do gestor privado”, afirmou.
A diretora também relatou que os trabalhadores da saúde estão com dificuldade para que o afastamento por Covid-19 seja reconhecido como doença do trabalho. Célia disse que isso pode estar acontecendo por falta de uma política de saúde voltada para o profissional da saúde.
A diretora também abordou o crescimento dos casos de trabalhadores com problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, que muitas vezes acontece justamente por conta do assédio moral sofrido por esse profissional.
“Aqui em São Paulo temos uma mesa de negociação com a Secretaria de Estado da Saúde e com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo. Estamos tentando encaminhar uma solução para essa questão de assédio por conta dessa pressão para reduzir o tempo dos afastamentos. Queremos também resgatar a mesa de negociação do Ministério da Saúde, que tínhamos nos governos anteriores. Queremos estabelecer protocolos de conduta para os trabalhadores e nós precisamos lutar para que haja essa retomada”, apontou.
Desvalorizados
A diretora também salientou que os profissionais querem valorização. “Temos sofrido o descaso total, seja do governo federal, dos governadores dos estados e dos prefeitos, pois tratam os trabalhadores da saúde só com aplausos. Isso quando a população nos aplaude”, salientou Célia.
Para a diretora, o Sistema Único de Saúde (SUS) e os 3,5 milhões de trabalhadoras e trabalhadoras da saúde que atuam no setor público e privado do país mostraram a importância que têm durante a pandemia, além da eficácia e eficiência do sistema para manter a saúde da população brasileira.