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O médico sanitarista e fundador da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gonzalo Vecina Neto, defendeu, durante seminário realizado ontem (13) pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que a perspectiva do enfrentamento às desigualdades esteja no centro do debate sobre um modelo alternativo para a economia na definição de propostas para a saúde pública no Brasil.
“Quando estamos discutindo o SUS (Sistema Único de Saúde) e as contribuições que essa crise trouxe para a nossa realidade (verificamos) que o que mais mata os brasileiros é a desigualdade. E que a coisa mais importante para combater a crise sanitária é o SUS. E dessas duas coisas, eu tenho certeza, nós vamos nos esquecer amanhã”, disse.
Além de Vecina, também participaram do debate o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Carlos Gadelha, a presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Rosana Teresa Onocko, e o epidemiologista Romulo Paes, especialista em avaliação de políticas públicas da Universidade de Minas Gerais (UFMG). O debate foi conduzido pela professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e secretária regional fluminense da SBPC, Ligia Bahia.
O pesquisador da Fiocruz também alertou para a necessidade de se combater a desigualdade no país. “Precisamos reconstruir a economia. Temos 120 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar e 20 milhões de pessoas passando fome. Vamos reconstruir uma nova economia nacional, com bem-estar e a sustentabilidade sendo fator central. Que a economia direcione para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), que permita fechar as contas e aumentar receita pública para que se tenha mais investimento em saúde”, disse.
Por sua vez, o ex-presidente da Anvisa pontuou que “a economia do Brasil sobreviveu matando 660 mil brasileiros”. “Se é para isso que temos um país, estamos muito errados. Mas não estamos pensando muito nisso”, criticou.
Sobre esse aspecto, Lígia criticou o fato de que as mortes na pandemia não tenham destaque merecido em campanhas eleitorais de forma geral. “Não teve nos Estados Unidos, não teve no Chile. E não podemos deixar que isso aconteça no Brasil”, falou.
Com informações da Rede Brasil Atual
Para assistir ao seminário, veja o vídeo abaixo: