Após extinção da Sucen, estado de SP registra 61,3 mil casos de dengue, com 1,6 mil internações e 48 mortes
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    Após extinção da Sucen, estado de SP registra 61,3 mil casos de dengue, com 1,6 mil internações e 48 mortes
    Autor: Redação SindSaúde-SP
    06/04/2023

    Crédito Imagem: SindSaúde-SP

    Com a extinção da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), as trabalhadoras e os trabalhadores foram transferidas(os) para diferentes áreas da Secretaria do Estado da Saúde (SES): a equipe de pesquisadores(as) foi para o Instituto Pasteur; os(as) profissionais dos laboratórios foram para o Instituto Adolfo Lutz e os(as) outros(as) trabalhadores(as) de campo foram para a Coordenadoria de Controle de Doenças (CCD).

     

    De acordo com trabalhadores(as) filiados(as) ao SindSaúde-SP e a Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC), três estudos de vigilância foram paralisados: um sobre transmissão e prevenção de leishmaniose, o segundo sobre malária na Mata Atlântica e outro sobre caramujos hospedeiros da esquistossomose.

     

    Esses estudos são extremamente importantes, pois em 2017 graças ao trabalho dos pesquisadores científicos e dos profissionais de campo da Sucen, a chegada da febre amarela no estado de São Paulo foi detectada muito antes e a vacinação pode ser realizada nos bairros onde foram detectados focos da doença na capital.

     

    Dentre as ações mais afetadas estão a aplicação de inseticida, também conhecido como fumacê, nos locais em que se detectam maiores índices de transmissão de arboviroses, ou seja, doenças transmitidas por mosquitos: dengue, chikungunya e zika. E o estudo de vigilância prospectiva de doenças, no qual as equipes fazem uma coleta de campo de larvas de mosquitos para identificar se a espécie de inseto é aedes albopictus, aedes aegypti ou culex.

     

    Com a extinção da Sucen e o avanço da pandemia de dengue, os municípios com menos de 50 mil habitantes tiveram que contratar empresas terceirizadas para fazer a nebulização. Porém, como o SindSaúde-SP já ressaltou, não existe um controle nem um acompanhamento dos(as) profissionais que atuavam na Sucen, e a maneira como o inseticida é aplicado, gera desperdício do produto e má eficiência no controle dos mosquitos.

     

    O resultado disso é o avanço dos casos de dengue. Segundo a SES, entre janeiro e março deste ano foram registrados 61,3 mil casos em todo o estado, entre eles 1,6 mil pessoas ficaram internadas e houve 48 mortes.

     

    O SindSaúde-SP sempre ressaltou a importância do trabalho desenvolvido pela Sucen em municípios com até 50 mil habitantes, que, agora, têm que fazer o controle de endemias sem o aparato tecnológico, o conhecimento e o orçamento necessários para isso, pois todo esse suporte era dado pela autarquia.

     

    Com o fim da Sucen, muitas prefeituras tiveram que criar suas próprias estruturas ou terceirizar o serviço. O mais comum quando o serviço é terceirizado, é as empresas fazerem apenas a nebulização. Essa é uma ação importante, mas não é resolutiva, pois precisa ser complementada com bloqueio de criadouros, ou seja, antes da nebulização precisa retirar os criadouros do local, caso contrário, as larvas continuam vivas e em uma semana viram novos mosquitos transmissores.

     

     

    Denúncias de trabalhadores(as)

     

    Mesmo antes da extinção da Sucen, o SindSaúde-SP já havia denunciado seu sucateamento. Em 2019, foi apurada a necessidade de novas contratações para que a Sucen chegasse ao limite permitido de 2.100 trabalhadores(as), pois na época havia cerca de 1.225 profissionais atuando, de acordo com os dados do portal da transparência. Além do governo do estado não ter realizado as novas contratações necessárias, também extinguiu a Sucen e não foi estabelecida a plena continuidade dos serviços que eram realizados.

     

    Durante a gestão de João Dória e Rodrigo Garcia, na qual a Sucen foi extinta, não foi dada continuidade aos serviços prestados pelos(as) trabalhadores(as). Ao invés disso, a população do estado está sofrendo pela falta desses serviços e os(as) profissionais têm denunciado diversas injustiças nos atuais locais de trabalho, no pagamento do salário e benefícios, que eram concedidos e que foram retirados.

     

    Trabalhadores(as) estão há mais de um ano realocados para a secretaria de saúde sem nenhuma anotação na carteira de trabalho, com as viaturas de trabalho sem a manutenção necessária, e desvio de funções, tais como: desinsetizadores(as) dirigindo veículos, por falta de motoristas e/ou realizando funções administrativas por insuficiência desses(as) profissionais.

     

    Além disso, trabalhadores(as) da extinta Sucen denunciaram ao SindSaúde-SP que diversos equipamentos de nebulização novos estão em depósitos sem uso. Só na região de Araraquara, onde o número de casos de dengue têm batido recordes, existem seis máquinas novas sem utilização. Na Capital, que teve um aumento de 47% nos casos de dengue, a situação é a mesma, máquinas sem uso, que poderiam ser utilizadas no combate aos mosquitos que transmitem essa doença.

     










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