Notícia
Pouco mais de um mês após a Macha das Margaridas ocupar Brasília, as mulheres do campo e da cidade, das águas e da floresta de todo o país têm se reunido para fazer um balanço da mobilização que levou mais de 100 mil trabalhadoras à capital federal no dia 16 de agosto. A 7ª edição da manifestação contou com representantes de diversos segmentos, e o SindSaúde-SP também esteve presente com uma delegação de 23 pessoas.
Dentre as quais, a secretária de Igualdade de Oportunidades, Renata Scaquetti, a diretora da região de Mogi das Cruzes, Kátia Aparecida dos Santos, e a diretora da região de Sorocaba, Cíntia Lopes de Oliveira.
Segundo Renata, a manifestação marca um novo momento do Brasil, em que as mulheres têm retomado a discussão da ampliação de direitos, após um período de intensa resistência. “Agora é reconstruir, resgatar e avançar para novas conquistas, especialmente em pautas referentes ao combate à violência contra nós, mulheres”, aponta a dirigente.
“Somos uma categoria composta majoritariamente por mulheres, que lutamos em nosso dia a dia por respeito e dignidade, tanto no trabalho como na vida. Estar no meio de tantas mulheres com realidades tão diferentes umas das outras, mas todas marchando com uma pauta em comum, faz com que a nossa participação nessa marcha tenha um significado muito especial, de aprendizado, de solidariedade, de união e de fortalecimento, tanto do ponto de vista individual quanto coletivo.”, ressaltou.
Balanço positivo
Organizadora da Marcha, a Confederação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Contag) recebeu novamente na capital federal, entre os dias 13 e 15 de setembro, as Margaridas que atuam como coordenadoras nos estados e nas organizações parceiras.
Secretária de Mulheres da Contag e coordenadora nacional da mobilização, Mazé Morais, apontou entre os aspectos positivos a recepção das reivindicações por 13 ministérios e a abertura política do ato, com a presença de autoridades ministeriais e governamentais.
“Nem todas as respostas foram como gostaríamos, mas foi muito importante ter o retorno do governo federal, em um caderno de respostas trabalhado por mais de 30 ministérios”, comentou Mazé.
Ruptura com o retrocesso
Após os últimos 6 anos em que os ex-presidentes Michel Temer (MDB) e o inelegível Jair Bolsonaro (PL) se sucederam em governos marcados pela postura truculenta e sem qualquer diálogo com os movimentos sindical e sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou a implementação de programas voltados às demandas das trabalhadoras.
As medidas rompem com a lógica imposta durante a gestão de Bolsonaro que, em 4 anos, propôs 94% menos de recursos no orçamento para combate à violência contra mulheres, de acordo com o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc). Um dos decretos assinados pelo presidente no ato de encerramento da Marcha é o de Instituição do Pacto Nacional de prevenção aos feminicídios.
De acordo com o governo, 40 mil famílias assentadas serão regularizadas e poderão ter acesso a títulos e créditos. Também haverá a instituição de uma comissão nacional de enfrentamento à violência no campo.
Os avanços incluem ainda a reinstalação do Fórum Nacional de Políticas para as Mulheres Agricultoras do Campo, da Floresta e das Águas e a criação de um fórum de discussão para tratar de questões de mulheres pescadoras, marisqueiras e das águas com o objetivo de definir políticas para o setor.
Outro compromisso assumido foi o de colocar em circulação 270 unidades móveis para atender mulheres com profissionais da saúde, delegacias especializadas e outros serviços.
O governo Lula divulgou ainda a entrega de R$ 25 milhões em assistência técnica para a prática agroecológica, com metade do valor destinado às mulheres, e o lançamento do programa Cidadania e Bem Viver.
Na ocasião, também houve o lançamento do Programa Emergencial de Reforma Agrária, destinado a assentar 7,2 mil famílias, sendo 5,7 mil com novas terras e 1,5 mil com créditos fundiários. Com a medida, após oito anos, o processo de assentamento será retomado no país.
Lula anunciou também a retomada do Plano Safra, que será o maior da história e disponibilizará R$ 410 bilhões em investimentos, e a disponibilidade de uma linha de crédito exclusiva para mulheres no Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), com condições especiais de acesso a recursos para mulheres quilombolas e assentadas.
Veja as fotos das mulheres do SindSaúde-SP na 7ª Marcha das Margaridas: