Notícia
Em julho deste ano, o desinsetizador Ivair Alvarenga Jarina, morador de Araraquara, teve de amputar a perna esquerda por conta de problemas de saúde agravados a partir de um ferimento no pé. Aos 59 anos, 33 deles dedicados à extinta Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), ele teve de retornar ao trabalho, apesar de já estar aposentado, para dar continuidade às atividades profissionais.
Caso a intervenção médica resultasse em um afastamento, o trabalhador perderia uma fonte de renda da qual não pode dispor. Por conta disso, Jarina que já convivia com psoríase e hipertensão arterial, retornou ao prédio da ex-Sucen somente 20 dias após a operação e tentou dar prosseguimento à rotina profissional.
Porém, sem que o espaço fosse adaptado, teve de depender do auxílio dos colegas para realizar qualquer ação e precisou até mesmo improvisar um recipiente para realizar necessidades fisiológicas perante a dificuldade em chegar aos sanitários.
“Eu ia no banheiro em casa pela manhã e tentava segurar a urina. Mas quando não conseguia, levava uma lata para poder improvisar”, comenta.
Medidas emergenciais
Assim que recebeu a denúncia, a Secretaria de Saúde d(a) Trabalhador(a) do SindSaúde-SP acionou o Estado para que fiscalizasse o local.
Em inspeção conjunta do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) de Araraquara e do Grupo de Vigilância Epidemiológica da cidade foram constatados diversos problemas de acessibilidade, dentre os quais a falta de sanitário adaptado para pessoas com deficiência, o acesso principal com degraus e sem corrimão e portas que impedem a circulação de cadeira de rodas.
O relatório indicou ao estado a necessidade de adaptação do prédio em até 90 dias, conforme determina a Lei da Acessibilidade e, enquanto os procedimentos não são realizados, Jarina passou a realizar atividades administrativas na Área de Vetores do Núcleo de Apoio às Operações Regionais (NAOR), que possui um prédio adaptado. Em acordo com o princípio da integralidade, que busca oferecer condições plenas de reabilitação e reinserção, inclusive das(os) próprias(os) trabalhadora(es).
Diretor Regional de Araraquara do SindSaúde-SP, Denilson Aparecido Tochio, aponta que o sindicato segue a acompanhar a situação e tem cobrado do Cerest agilidade nas providências.
“Estive no local na semana passada para ver como estava sendo tratado e já vi uma pessoa mais feliz, tranquila”, relatou sobre a mudança na vida de Jarina. Ainda segundo Tochio, o trabalhador está numa situação mais confortável. “Ele conseguiu uma cadeira de rodas com pneu inflável, que traz mais facilidade de locomoção”, explicou.
Problemas relacionados a condições precárias de trabalho que afetam a saúde dos trabalhadores devem ser levadas a delegadas(os) sindicais de base.
A livre escolha e aceitação em ambiente acessível e inclusivo, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, está garantido no artigo 1º do Estatuto da Pessoa com Deficiência.