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O estado de São Paulo registrou nas quatro primeiras semanas de janeiro de 2024, 19.243 casos de dengue, o segundo maior número de ocorrências do país, atrás apenas de Minas Gerais. Os números alarmantes superam os do ano passado, quando houve 13.033 contaminações no início de 2023.
A situação crítica poderia ser bem diferente se a Superintendência de Controle de Endemias (Sucen) não tivesse sido extinta e transformada na atual Coordenadoria de Controle de Doenças (CCD), que segue subutilizada e deixada de escanteio.
A CCD tem qualificação para desenvolver aquilo que qualquer governo com uma política responsável de saúde deve considerar como fundamental: a preocupação com pesquisa, mapeamento de locais com potencial para casos de contaminação e prevenção. Mas o governo paulista não investiu nesse processo.
Com os dados que seriam coletados pela coordenadoria, as prefeituras poderiam se preparar e mobilizar ações que deveriam começar com a conscientização da população, seguida pela fiscalização e o combate às larvas nos imóveis.
Sem medidas como o combate com a bomba costal dentro das residências, onde está a fêmea do mosquito que pica e transmite a doença, o tratamento de pulverização veicular, para o qual os profissionais da CCD foram convocados após a repercussão da pandemia, é meramente paliativo. Além de ser mais caro.
A criação de um Centro de Operações de Emergências pelo governo de São Paulo e a liberação de R$ 200 milhões a municípios, medidas adotadas pelo governo após a divulgação da pandemia, não é o suficiente sem que existam equipes treinadas e preparadas para lidar com o problema. Em muitas cidades, sequer há máquinas que tenham passado por manutenção preventiva capaz de averiguar se ainda funcionam.
Iniciativas como a do governo federal, que aposta nas vacinas e começará a aplica-las pelo Sistema Único de Saúde (SUS) são importantes, mas o investimento na prevenção e em uma estrutura qualificada, que inclui a valorização de trabalhadoras e trabalhadores, é um passo essencial para livrar de vez o país da dengue, conforme aponta a presidenta do SindSaúde-SP, Cleonice Ribeiro.
“A partir do momento em que o governo extingue um serviço tão importante quanto é a Sucen, reconhecidamente de excelência e que funcionava muito bem, ele coloca a população em risco. Era esse departamento que fazia a coleta de ovos, das larvas para análise e que passava inseticida para efetivamente acabar com a contaminação. O que o governo faz agora é jogar a responsabilidade aos municípios para justificar os erros cometidos com a falta de planejamento”, critica.
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