Notícia
Desde segunda-feira (19), municípios do estado de São Paulo começaram a receber a vacina contra a dengue enviadas pelo Ministério da Saúde. No estado, já foram registradas 15 mortes apenas no início deste ano por conta da doença, também por conta da falta de investimento do governo paulista em uma estrutura já existente e que só demandava de gestão para funcionar.
Porém, apesar de fundamental, a vacina não exclui outros tratamentos realizados por profissionais que atuam no combate à pandemia, como a utilização da bomba costal dentro das residências, onde está a fêmea do mosquito que pica e transmite a doença.
Esse alerta é importante porque trabalhadores têm relatado a dificuldade em ter acesso às casas desde que as informações sobre o plano de vacinação começaram a circular, conforme explica o secretário de Formação do SindSaúde-SP e trabalhador da extinta Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), que foi transferido para a Coordenadoria de Controle de Doenças (CCD), Alexandre Senna.
Segundo ele, as pessoas têm interpretado que a existência de uma vacina permite que a população abra mão de outros cuidados. Porém, ressalta que o primeiro lote de vacinas que foi disponibilizado ainda não atende toda a população, mas será destinada a crianças de 10 a 11 anos, e cobrirá cerca de 521 cidades, com mais 100 mil habitantes, que compõem 37 regiões de saúde consideradas endêmicas para a doença.
“Mesmo que fosse para todos, a vacina não eliminaria a necessidade de cuidados preventivos, de tratar a doença onde estão os focos de proliferação. Com um público restrito, isso mantém a necessidade de ter a mesma preocupação com casas, quintais e áreas onde pode haver acúmulo de água. A identificação e o tratamento, como já acontecia, seguem fundamentais, também porque os causadores de demais doenças seguem a circular, como aqueles que promovem a doença de chagas, a febre maculosa e a Chikungunya”, explica.
O dirigente defende que o governo paulista amplie a campanha de conscientização e também invista na estrutura para aproveitar a experiência que trabalhadores e trabalhadoras acumularam para combater a endemia. Ao invés de contratar empresas terceirizadas para realizar a ação.
Sucen sucateada
Conforme já apontou o SindSaúde-SP, a situação crítica poderia ser bem diferente se a Sucen não tivesse sido extinta e a CCD não fosse subutilizada e deixada de escanteio.
A coordenadoria tem qualificação para desenvolver aquilo que qualquer governo com uma política responsável de saúde deve considerar como fundamental: a preocupação com pesquisa, mapeamento de locais com potencial para casos de contaminação e prevenção. Mas o governo paulista não investiu nesse processo.
Com os dados que seriam coletados pela coordenadoria, as prefeituras poderiam se preparar e mobilizar ações que deveriam começar com a conscientização da população, seguida pela fiscalização e o combate às larvas nos imóveis.
Sem medidas como o combate com a bomba costal dentro das residências, onde está a fêmea do mosquito que pica e transmite a doença, o tratamento de pulverização veicular, para o qual os profissionais da CCD foram convocados após a repercussão da pandemia, é meramente paliativo. Além de ser mais caro.
A criação de um Centro de Operações de Emergências pelo governo de São Paulo e a liberação de R$ 200 milhões a municípios, medidas adotadas pelo governo após a divulgação da pandemia, não é o suficiente sem que existam equipes treinadas e preparadas para lidar com o problema. Em muitas cidades, sequer há máquinas que tenham passado por manutenção preventiva capaz de averiguar se ainda funcionam.