Notícia
A auxiliar de enfermagem Zilda Cesar, mora em Pirituba, na zona leste de São Paulo, e trabalha no Hospital de Taipas, na zona norte. Como toda profissional da área que enfrenta jornadas intensas, também ela programa o dia de folga para poder descansar, mas desde que o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) implementou o programa de recadastramento do funcionalismo isso não foi mais possível.
Com problemas para validar o reconhecimento da sua foto no processo de comprovação de vida, ela já dedicou o dia que seria reservado a cuidar de questões pessoais para ir ao cartório e ao banco, como orienta o aplicativo Recad (https://recad.sp.gov.br/) destinado a recolher as informações.
“Quando chega nessa parte de foto, não me reconhece. Já perdi dia de folga e dinheiro com o deslocamento para tentar resolver o problema, mas nada adianta”, afirma.
Ela esteve nesta quarta-feira (28) na sede do SindSaúde-SP para participar do 2º Mutirão de Recadastramento do funcionalismo e da mesma forma que muitas outras trabalhadoras e trabalhadores também não pode resolver a questão, mesmo com apoio técnico, jurídico e a oferta de celulares disponibilizados pelo sindicato.
A situação, conta, aumenta o temor de não receber. “O sistema diz que se não conseguir fazer, o salário pode ser bloqueado. Estou me sentindo frustrada”, aponta.
O primeiro prazo do governo para realizar o procedimento é 17 de março, mas o SindSaúde-SP luta para estender o período.
Obstáculos
Sem pessoal preparado pelo governo para dar suporte e com uma plataforma com informações de inconsistências que mesmo quando resolvidas não liberam o cadastramento, o índice de atualização tem sido baixo.
No 1º mutirão, realizado em 28 de fevereiro, houve solução para 34% dos casos. Já nesta quarta-feira, o número de sucessos caiu para 25%.
A oficial administrativo Élide Rossetto, presente no sindicato na 1ª edição do encontro, questiona a razão de algo que funcionava bem ser substituído por um processo repleto de problemas.
“Antes havia um cadastramento anual, entrávamos, confirmávamos os dados no mês de aniversário e estava resolvido. Agora é muito complicado, tentei mais de 20 vezes e não pude prosseguir”, diz a trabalhadora municipalizada que trabalha em São Miguel Paulista.
Desde 8 de fevereiro, ela tenta concluir o procedimento, ainda impossível mesmo após atualizar o título de eleitor e a biometria.
O processo imposto pelo estado sem considerar o feriado de carnaval, que dificultou a atualização de documentos, também trouxe problemas para Neusa Oliveira, mais uma atendida no primeiro mutirão.
Funcionária de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) em Itaquera, ela sofreu com o bloqueio do acesso após cinco tentativas e perdeu um dia de trabalho para tentar dar conta do que pedia o sistema. Mas também não obteve sucesso.
“Tenho 32 anos de estado e sempre fiz pela UBS. Não entendi porque essa dificuldade para nós que não temos tanta intimidade com a internet. Peço ao governador para que faça a prova de vida de outra forma. Tenho dificuldade de andar e não se como vou fazer. Eu trabalho numa UBS municipalizada que não disponibilizou o RH (recursos humanos) para nos ajudar, sentar, tentar fazer junto. De todos os funcionários do estado, só conheço um que conseguiu”, diz.
Secretária de Atividades Sociais e Culturais do SindSaúde-SP, Valeria Fernandes, ressalta que os problemas persistem desde os mesmos desde o início.
“As dificuldades seguem as mesmas, já teve gente já foi ao banco, em cartório mais de uma vez, atualizou a senha do gov.br e as questões persistem. O governo precisa mudar o prazo para o término do recadastramento e também oferecer um novo modelo que não apresente tantos problemas”, explica.
Além de Valéria, os mutirões também contam com a participação das dirigentes Adriana Arduino, da região Leste I, Amélia Oliveira, da região Leste II, e de delegadas sindicais de base do sindicato.
Próximo mutirão – O último encontro organizado pelo sindicato acontecerá na próxima quarta-feira (6), quando o SindSaúde-SP promoverá um novo mutirão.
Como participar
O atendimento para auxiliar as pessoas que estão com dificuldades será na sede do SindSaúde-SP e não filiados e filiados podem para participar do mutirão.
Importante: traga documentos originais atualizados, com fotos recentes e que tenham versão digital para evitar incompatibilidade com o sistema. As opções aceitas são RG, carteira de habilitação, certificado de alistamento militar e título de eleitor (com cadastro biométrico e que possuam imagem). Também é preciso apresentar o número do RS/PV ou um holerith, mesmo que antigo.
Vale lembrar ainda que todos os trabalhadores do serviço público, empregados públicos e militares ativos, no âmbito da Administração Direta, das Autarquias, inclusive as de Regime Especial, e das Fundações do Estado de São Paulo, devem realizar o recadastramento digital. Para os aposentados e aposentadas vinculados à SPPREV, o recadastramento segue no mês de aniversário na agência bancária.
3.º Mutirão para recadastramento do funcionalismo
Dia 6 de março – 9h às 16h
Local: Sede do SindSaúde-SP
R. Teodoro Sampaio, 483 – Cerqueira César – São Paulo
Próximo à estação Clínicas do Metrô