Dobra o número de óbitos no Hospital Regional de Assis. Trabalhadores denunciam má gestão
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    Dobra o número de óbitos no Hospital Regional de Assis. Trabalhadores denunciam má gestão
    Autor: Redação do SindSaúde-SP
    02/05/2024

    Crédito Imagem: SindSaúde-SP

    De acordo com denúncias de profissionais que atuam no Hospital Regional de Assis (HRA), desde que o governo do estado anunciou a ampliação do número de leitos, em agosto do ano passado, sem que houvesse a contratação de mais profissionais para compor o quadro funcional, houve um aumento de óbitos no Hospital, que saltou de 49, em janeiro e fevereiro de 2023 para 65, se levado em consideração o mesmo período em 2024, de acordo com dados do Sistema de Informações do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS).

     

    O dado atual é ainda mais alarmante se comparado com os de 2022, quando foram registrados 37 óbitos nos mesmos meses. Ou seja, quase metade do número registrado no início deste ano.

     

    De acordo com as informações do Ministério da Saúde, apenas em 2021, ano que estávamos em plena pandemia de Covid-19 e ainda sem cobertura vacinal, foram registrados 69 óbitos no HRA, muito próximo do registro atual.

     

     

    Os profissionais, que pediram para não serem identificados por medo de sofrerem represálias, denunciaram ao Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo (SindSaúde-SP) que o número de trabalhadores é insuficiente para atender aos leitos que estão em funcionamento e para a quantidade de cirurgias que estão sendo realizadas na unidade.

     

    “De acordo com as informações que recebemos dos trabalhadores, o hospital está operando sem a quantidade de profissionais que é estabelecida pelo Ministério da Saúde e pelas resoluções dos conselhos de cada categoria para os cuidados de cada tipo de leito”, relatou Gervásio Foganholi, secretário de Administração e Finanças do SindSaúde-SP.

     

    Com as medidas da atual gestão do hospital, que está em vias de se afastar para se candidatar à cargo eletivo, fica difícil de manter boas condições trabalho com a sobrecarga imposta, apesar dos diversos esforços dos trabalhadores para manter o hospital em pleno funcionamento.

     

    O Hospital Regional de Assis sempre foi referência em atendimento secundário e terciário para a população de 25 cidades que integram a região de Assis e Ourinhos, com uma abrangência de mais de 500 mil habitantes. A qualidade da assistência e o atendimento humanizado sempre foram destaque, o que foi comprovado pelos bons resultados obtidos e demonstrados por meio dos indicadores de avaliação da própria Secretaria de Estado da Saúde (SES).

     

    Para os trabalhadores, é muito triste ver um equipamento de saúde que eles tanto se dedicaram chegar a esse ponto. Eles avaliam que a falta de concurso público para repor o quadro funcional e a irresponsabilidade da atual gestão foram fatores que agravaram ainda mais a situação.

     

    De acordo com os profissionais, outro fator que ocasionou o aumento destes óbitos foi à aquisição de um grampeador cirúrgico, comprado diferente da descrição na licitação e de qualidade inferior. “Com o uso deste equipamento os pacientes apresentaram fístulas entéricas no pós-operatório, agravando sua condição clínica, com infecção generalizada e, consequentemente, sete óbitos em curto período de tempo”, delatou um trabalhador que está indignado com a situação.

     

    Outra questão grave é que os profissionais acreditam que os dados no último período podem ser muito maior e suspeitam que podem estar sendo maquiados, pois constataram casos de saídas de pacientes sendo lançados como “alta sem segmento” no sistema e não como óbitos.

     

    Assédios

    A política da instituição de mascarar e maquiar dados e indicadores e assim apresentar informações que podem ser considerados positivos pela SES, causou conflitos internos. Ao ponto dos profissionais serem intimidados, assediados e perseguidos.

     

    Há relatos de vários servidores que foram assediados em reuniões com toda a gestão e sem oportunidade de defesa, todavia, tais funcionários ficaram emocionalmente abalados que não quiseram sequer apresentar queixas ao sindicato à época.

     

    Contrariando as estatísticas, uma funcionária resolveu denunciar um desses assédios por parte de um dos diretores e, com auxilio jurídico do sindicato, apresentou manifestação ao Ministério Público e ao Conselho de sua categoria.

     

    Falta de insumos

    Os profissionais também denunciam que determinadas atitudes da administração desorganizaram os estoques, além disso há registro recorrente da falta de medicamentos e antibióticos, até os mais básicos, como dipirona e bromoprida.

     

    Há relatos que as equipes técnicas estavam sendo cada vez mais pressionadas a fazer internações, principalmente para cirurgias, sem levar em conta as reais condições do hospital e os resultados destas.

     

    As internações estão ocorrendo dentro do pronto-socorro referenciado e na clínica de obstetrícia de alto risco, misturando pacientes clínicos com cirúrgicos, cirurgias limpas com infectadas, puérperas e seus filhos com pacientes com outras moléstias.

     

    Conflitos de interesses

    A gravidade das denúncias não param por aí, como se não bastassem essas complicações já citadas acima, com a mudança da administração, os profissionais também denunciam que ocorreu uma mistura de gestão pública com a privada.

     

    A atual diretora do Hospital Regional de Assis, Telma Gonçalves Carneiro Espera de Andrade, foi provedora da Santa Casa de Misericórdia de Assis (equipamento de saúde que fica do outro lado da praça em frente ao HRA), e continuou até pouco tempo por trás do serviço privado se intitulando “superintendente voluntária”, exercendo posição de comando nas duas unidades.

     

    Os trabalhadores também afirmam que dois de seus assistentes diretos, exercem, atualmente, cargo de coordenação tanto no Hospital Regional de Assis quanto nas duas unidades da Santa Casa de Misericórdia. Ambos, além de outros funcionários da Santa Casa, transitam livremente nas duas unidades, não respeitando seus horários de trabalho em ambos locais, o que poderia ser considerado um conflito de interesses, desrespeitando o que é definido pela legislação.

     

     










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