Notícia
Imagine que você contrata uma obra em sua casa para melhorar as condições estruturais, mas, passada uma década, ela segue inacabada. Se já é trágico numa residência, imagina em um hospital responsável por atender diariamente milhares de pessoas.
Isso é o que está acontecendo no Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER), onde, na última terça-feira (22), os profissionais cruzaram os braços para protestar contra os 10 anos de obras completados em outubro.
A reforma prevista para durar 36 meses já consumiu mais de R$ 140 milhões e em vez de ampliar a capacidade de 199 para 300 leitos, reduziu e atualmente há menos de 100 em funcionamento. Para piorar, outros 38 serão fechados e tornarão inoperante a enfermaria do sexto andar e metade da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por conta do término de contrato com a empresa terceirizada que intermediava a contratação das trabalhadoras e trabalhadores desses espaços.
Na manifestação organizada pela Associação dos Médicos do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (AMIIER), Comissão Ampliada Multiprofissional do IIER, Associação dos Médicos Residentes, com apoio do SindSaúde-SP e do Simesp, teve bolo parabéns pelo aniversário de 10 anos da obra e a divulgação de uma carta aberta que cobra comprometimento do governo de São Paulo com um dos principais equipamentos de saúde pública do estado.
O documento lembra que nem mesmo o acordo firmado no Ministério Público para a convocação de profissionais aprovados em concurso público foi cumprido.
Diretor da Região do Quarteirão da Saúde do SindSaúde-SP, Rubens da Silva, criticou a falta de compromisso do governo em resolver a questão. “O Emílio Ribas, um equipamento com 142 anos de serviços prestados à população, está numa situação crítica. O governo segue uma política de descaso em contratações de funcionários e ao ampliar o problema com o fechamento de 38 leitos, além de não se mexer diante de absurdos 10 anos de uma reforma inacabada, que traz incômodo para os trabalhadores e usuários que ficam horas aguardando horas pelo atendimento”, apontou.
Confira abaixo a carta divulgada no protesto.
Carta Aberta à População de São Paulo
São Paulo, 22 de outubro de 2024
Hoje, o Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER) vive mais um momento crítico em sua longa história de 142 anos de dedicação à saúde pública. Médicos, funcionários e a população se reúnem em frente ao hospital, localizado na Av. Dr. Arnaldo, em São Paulo, para um grande ato de protesto, com o objetivo de denunciar o fechamento de 38 leitos do Instituto e a ausência de convocação de profissionais concursados. Este movimento marca também os 10 anos de uma reforma inacabada, cuja conclusão deveria ter ocorrido há muito tempo.
Neste dia, os médicos residentes do IIER estão paralisados em apoio ao movimento, refletindo a indignação geral diante da grave situação que o Instituto enfrenta. O recente fechamento dos 38 leitos — incluindo a enfermaria do sexto andar e metade da UTI — resulta do término do contrato com a equipe terceirizada, e, até o momento, não há previsão de reabertura. Esses leitos, essenciais para o atendimento à população, agora estão indisponíveis, deixando centenas de pessoas desassistidas.
Outro ponto crucial é a reforma do Instituto, que teve recentemente aprovada sua última fase, com um investimento superior a 140 milhões de reais e previsão de conclusão em 36 meses. O projeto inicial prometia aumentar a capacidade do hospital de 199 para 300 leitos, mas, até o momento, menos de 100 leitos estão operacionais, enquanto metade do hospital permanece inutilizável, comprometendo o atendimento à população e desperdiçando recursos valiosos.
Além disso, o acordo firmado no Ministério Público, que previa a convocação de profissionais aprovados em concurso público, foi descumprido. O prazo de quatro meses expirou há dois meses, e até agora não houve nenhuma nomeação, agravando a já precária situação de falta de pessoal no Instituto.
O ato de hoje é um apelo urgente em defesa da saúde pública. Reivindicamos a reabertura imediata dos leitos fechados, a convocação dos profissionais concursados e a conclusão das obras que há uma década permanecem inacabadas. Pedimos o apoio da sociedade e das autoridades para garantir que o Instituto Emílio Ribas continue a ser uma referência na assistência, ensino e pesquisa em doenças infecciosas.
Essa luta é de todos nós, e precisamos estar unidos em defesa do direito à saúde pública de qualidade.
Queremos a abertura imediata dos leitos fechados apenas por falta de profissionais!
Queremos a retomada imediata das obras!
Queremos a contratação de mais profissionais por concursos públicos!
Queremos um #EmilioRibasPorInteiro!!!