Notícia
O SindSaúde-SP participou nessa segunda-feira (28) do seminário "SUS e Saúde Digital: Oportunidades para municípios e consórcios" promovido pelo deputado estadual Luiz Claudio Marcolino (PT) na Assembleia Legislativa de São Paulo.
O encontro foi o primeiro sobre o tema e precedeu outras atividades que percorrerão as regiões metropolitanas para discutir a questão da transição digital que envolve o Sistema Único de Saúde (SUS) e quais as necessidades e consequências para profissionais e usuários.
Ao lado de representantes dos governos federal, estadual e municipal, da Academia e de consórcios intermunicipais, o presidente do SindSaúde-SP, Gervasio Foganholi, ressaltou a preocupação de o debate reservar pouco espaço para avaliar como as mudanças afetarão trabalhadoras e trabalhadores.
O dirigente falou sobre a importância da digitalização para ampliar e aprimorar o atendimento, mas destacou que quem está na linha de frente das unidades de saúde deveria ser prioridade na discussão.
“Nos preocupa quando a transformação digital é utilizada como forma de exclusão social e prejudica quem tem menos acesso. Nos preocupa que o avanço da transição digital seja utilizado para ampliar os assédios e que casos como esses se tornem cada vez mais comuns. Já recebemos denúncias dos profissionais de saúde que foram municipalizados na capital e que por atuarem em unidade administrada por uma organização social, não terem acesso ao sistema porque nunca lhes foi fornecido um login e senha para os computadores”, exemplificou.
Após a sequência de números apresentados pelos gestores que apontaram a quantidade de teleatendimentos, expansão da abrangência de municípios contemplados e economia de combustível no acesso aos serviços, mas ignoravam questões como diálogo com as categorias envolvidas, Gervasio resgatou também a experiência vivenciada no recadastramento digital paulista para indicar a razão da preocupação do sindicato.
“Desde o ano passado, o recadastramento do funcionalismo do estado de São Paulo não é mais presencial no mês de aniversário de cada trabalhador e isso escancarou algumas dificuldades de conectividade dos trabalhadores. A medida deveria ser ótima, mas afetou os trabalhadores e as trabalhadoras que tiveram os salários suspensos até que houvesse a regularização, pois o governo não se preocupou em manter o recadastramento de forma híbrida para suprir as demandas”, destacou
À época, o SindSaúde-SP realizou vários plantões na sede para auxiliar quem estava enfrentando dificuldades e entre os problemas identificados estavam a falta de aparelhos celulares com suporte compatível com aplicativo do governo e erros do próprio sistema do SOU.SP.GOV.BR, que não carregava ou que não constava o “botão” do recadastramento ou de prova de vida.
Diante disso e da falta de diálogo com o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), o sindicato ingressou na Justiça em parceria com a Apeoesp e a Afuse e garantiu que o prazo de recadastramento de 2024 fosse estendido e que o governo estabelecesse um plantão nas unidades do Poupatempo para auxiliar os(as) profissionais.
Além disso, lembrou Gervásio, a inclusão digital ainda é um problema social latente e prejudica os mais pobres, algo que demanda um olhar inclusivo sobre a pauta.
“Precisamos sim nos adequar e investir em tecnologia, mas não podemos deixar de investir e pensar nas pessoas. Somos defensores dos avanços tecnológicos, mas lutaremos para que isso aconteça sem que deixem de olhar para quem está dentro das unidades”, falou.