Notícia
Trabalho digno, geração de renda e em defesa da democracia foram as pautas defendidas na 1ª Marcha da Classe Trabalhadora LGBTQIA+ da CUT, realizada nesta sexta-feira (20), que ocupou as ruas do centro histórico da cidade de São Paulo.
Organizada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), entidade na qual o SindSaúde-SP é filiado, a marcha partiu da Praça Roosevelt e seguiu até o Theatro Municipal, como parte da agenda de atividades da CUT no Mês do Orgulho LGBTQIA+.
Centenas de trabalhadores e trabalhadoras, entre eles, representantes do SindSaúde-SP e trabalhadorXs da saúde, participaram do ato para afirmar que não há justiça social sem inclusão da diversidade sexual e de gênero no mundo do trabalho e em políticas públicas.
O ato foi, ao mesmo tempo, manifestação política, encontro de gerações e uma celebração coletiva. Reuniu lideranças sindicais, militantes históricos, coletivos, além, claro, de trabalhadores e trabalhadoras que têm a consciência de que é preciso moldar o mercado de trabalho de forma atender as demandas urgentes por equidade, saúde, aposentadoria digna, enfrentamento à violência e combate à informalidade da população LGBTQIA+.
Atuação do movimento sindical
Para Walmir Siqueira, secretário nacional LGBTQIA+ da CUT, a marcha teve papel estratégico. “Todas as vezes que alguém vê a bandeira do seu sindicato em uma manifestação LGBTQIA+, essa pessoa sabe quem procurar. Sabe que tem apoio. Por isso, visibilidade não é só simbólica: ela é ferramenta de proteção, é política de cuidado.”
Ele destacou a importância de reafirmar que a luta LGBTQIA+ é também luta de classe. Nós, LGBTQIA+, somos parte do movimento sindical. Não estamos só sendo ‘apoiados’. Somos militantes, dirigentes, trabalhadores. Marchar com a CUT é mostrar que nossa luta está dentro da estrutura da classe trabalhadora.”
Mobilização inédita, a marcha foi considerada pelo dirigente um sucesso. “Não tínhamos a pretensão de que fosse uma marcha que movimentaria milhares de trabalhadores, mas sim um ato que desse início a uma série de atividade que virão”, disse.
Em pauta: ausência de políticas públicas e informalidade
A dificuldade de acesso a direitos básicos foi um dos temas mais abordados durante o ato. A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Neiva Ribeiro, apontou a informalidade como um dos maiores entraves à inclusão real.
“Cerca de 40% da classe trabalhadora está na informalidade, e a população LGBTQIA+ certamente compõe uma parte desproporcional desse número. Sem políticas públicas de educação, formação profissional, saúde e trabalho, seguimos sendo marginalizados”, disse a dirigente.
Ela também alertou para o papel do Congresso Nacional na condução ou bloqueio de avanços. “Temos que eleger quem esteja comprometido com a pauta da classe trabalhadora e da diversidade. O retrocesso não nasce do nada. Ele é construído quando escolhemos mal quem nos representa.”
Trabalho, saúde e aposentadoria: o futuro também é pauta LGBTQIA+
A marcha também colocou em pauta as desigualdades que atingem pessoas LGBTQIA+ ao longo da vida, inclusive no momento da aposentadoria.
“Durante décadas, poucas pessoas LGBTQIA+ sobreviveram para chegar à velhice. Agora, que estamos conseguindo viver mais, precisamos garantir que o Estado reconheça nossos direitos à aposentadoria, à saúde, ao cuidado na terceira idade”, disse Walmir, citando ações paradas no STF que tratam da previdência de pessoas trans.
“Como uma mulher trans vai se aposentar? Qual será o tempo de contribuição? O Estado precisa responder a essas perguntas”, destacou Walmir.
O tema da saúde integral também foi destaque, com críticas à falta de preparo dos serviços para atender as especificidades da população LGBTQIA+, especialmente pessoas trans e idosas.
Ocupação dos espaços públicos e combate à higienização social
O caráter simbólico da marcha foi reforçado pelo representante do Conselho Municipal LGBTQIA+ de São Paulo, Diego Miranda de Carvalho, que criticou a postura da gestão municipal na condução dos eventos:
“Não podemos aceitar que a Praça Roosevelt esteja fechada à população em plena Semana do Orgulho. Isso é higienização social. Se temos a maior parada LGBTQIA+ do planeta, precisamos garantir todos os direitos dessa comunidade, não só a festa”, disse.
Ele também ressaltou o papel dos conselhos, sindicatos e movimentos como espaços legítimos de construção de políticas públicas inclusivas ao citar, em vídeo gravado para as redes sociais da CUT, que é importante que os sindicatos “se debrucem sobre as Convenções Coletivas e diálogos com trabalhadores para a conquista de direitos.
Orgulho da diversidade
A artista e ativista Salete Campari, uma das figuras mais conhecidas da cena LGBTQIA+ de São Paulo, participou da marcha e também destacou o papel dos sindicatos nas causas LGBTQIA+
“Sindicato forte de verdade respeita a diversidade, não deixa escondido. Tem orgulho da sua diversidade. Coloca na rua, na avenida, no carro de som. E briga por salário digno, por saúde, por educação. Porque o que está faltando em São Paulo e no Brasil é trabalho decente para a diversidade!”, disse.
Sindicatos de diversas regiões do país marcaram presença na marcha, entre eles o SindSaúde-SP, a Apeoesp, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Sindsep-SP, Afuse, Petroleiros de Campinas, Bancários do ABC, Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Fetec-SP, entre outros.
Editado pela Redação do SindSaúde-SP