Artigo
Certa manhã, recebi um telefonema de uma trabalhadora da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), que me fez a seguinte pergunta: “Senhor Jorge, o que vai acontecer com a gente?”. Ela estava angustiada se seu emprego será mantido, pois a Sucen foi extinta pela Lei 17.293, de 15 de outubro de 2020, e a extinção definitiva poderá ser decidida no primeiro trimestre do ano que vem.
A angústia dela é a mesma da maioria das trabalhadoras e trabalhadores da autarquia, a respeito do futuro ainda incerto. Imagine você, vivendo em uma país cuja economia está um verdadeiro caos, em meio a uma pandemia sem data para acabar, com muitos cidadãos voltando para o mapa da fome, buscando comida no lixo... Enfim, esse emaranhado de sentimentos é bastante compreensível, pois eu mesmo sou um trabalhador da Sucen e, se for demitido, também não terei como sustentar minha família.
O SindSaúde-SP fez algumas reuniões para cobrar respostas da superintendência da Sucen. Fizemos algumas reuniões com o superintendente Marcos Boulos e, desde o primeiro encontro, ele deixou claro que todos(as) os(as) trabalhadores(as) da Sucen seriam demitidos, inclusive ele. Sendo assim, se isso acontecer mesmo, não podemos dizer que ele mentiu.
Contudo, mais de um ano depois, ainda não temos respostas concretas e, por isso, a mobilização dos(as) trabalhadores(as) é extremamente importante.
Muitos dos(as) funcionários(as) da Sucen despenderam grande parte de sua juventude trabalhando na autarquia. Portanto, perder o emprego agora, com cerca de 14 milhões de desempregados no país, muita informalidade, custo de vida nas alturas e economia que não deve se recuperar tão cedo, é extremamente complicado e desafiador para eles(as).
Além disso, a extinção da Sucen deixa no limbo muitos municípios que contavam com seu apoio técnico no combate à dengue e outras endemias. Este ano, vimos que o estado de São Paulo registrou crescimento de 5.000% nos casos de Chikungunya, com registros de mortes (para saber mais, clique aqui), além do avanço da dengue.
Após a publicação da Lei 17.293, as trabalhadoras e trabalhadores do campo denunciaram ao Sindicato as péssimas condições de trabalho. Eles iam a campo em vans lotadas, não eram fornecidas máscaras adequadas de proteção contra o coronavírus e, por isso, alguns acabaram doentes. O SindSaúde-SP interveio e, após denúncia ao Ministério Público do Trabalho (MPT), a situação foi melhorada.
Mobilização é importante
Mas, como sempre gostamos de reforçar no SindSaúde-SP, o Sindicato não tem força para fazer nada sozinho. É preciso que os(as) trabalhadores(as) lutem ao nosso lado.
Compreendemos as situações individuais de cada um, quando ficam preocupados com o pagamento de abono e diária, mas a prioridade, agora, deve ser o coletivo e a manutenção dos empregos.
Assim, quando o Sindicato convocar assembleias, participe! Quando o SindSaúde-SP marcar mobilizações, participe! Só a luta conjunta é capaz de fazer pressão suficiente no governo do estado e sensibilizá-lo para que mantenha os empregos das trabalhadoras e trabalhadores da Sucen.
Apesar de toda a angústia, quero desejar a todos e todas um feliz Natal e um próspero ano-novo, com saúde, dinheiro e, principalmente, emprego garantido.
Juntos somos mais fortes!
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