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    Orgulho e luta LGBTQIAP+ no trabalho e na vida
    Autor: Redação SindSaúde-SP
    28/06/2024

    Neste 28 de junho, o mundo celebra o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAP+. Mas ter orgulho de ser quem nós somos pode não ser algo tão fácil para quem sempre teve sua identidade reprimida e recriminada por estar fora de padrões estabelecidos por uma sociedade heteronormativa. Por isso, esta data lembra a importância de valorizar a pluralidade das diversas formas de ser e estar no mundo, considerando as especificidades e a complexidade de cada pessoa, especialmente as lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queer, intersexo, assexuais, pansexuais e todas as pessoas com outras formas de orientação sexual e de identidade de gênero. 

    É também um momento para reflexão sobre as conquistas que foram obtidas com muita luta ao longo dos anos, bem como sobre os desafios enfrentados diariamente. No Brasil, apesar de 2,9 milhões de pessoas de 18 anos ou mais se declararem lésbicas, gays ou bissexuais, em 2022, segundo dados da “Pesquisa Nacional de Saúde (PNS): Orientação sexual autoidentificada”, foram registrados 33.935 casos de violência contra pessoas LGBT, apenas no primeiro semestre deste ano, segundo o painel do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). 

    Parte dessa opressão está presente também no ambiente de trabalho. Ainda que a ideia de responsabilidade social tenha passado a agregar valor às empresas e o combate ao preconceito tenha ingressado na realidade laboral, 4 em cada 10 pessoas LGBTQIAP+ relataram ter sofrido algum tipo de discriminação segundo pesquisa da iO Diversidade, realizada a partir de informações do Instituto Locomotiva e da QuestionPro. 

    Renata Scaquetti, secretária de Igualdade de Oportunidades do SindSaúde-SP
    Renata Scaquetti, secretária de Igualdade de Oportunidades do SindSaúde-SP

    Nos serviços públicos não é muito diferente. O concurso público garante o acesso ao trabalho de forma justa e democrática para todes(as) (os), trazendo a diversidade para o ambiente de trabalho, ao mesmo tempo em que também insere pessoas intolerantes – reflexo da sociedade em que vivemos. Por isso, não são poucas as situações de discriminação e assédio que vivenciamos no dia a dia, que vão desde piadinhas até a dificuldade de acessar cargos de chefia. E quando se sobrepõem outras identidades, as dificuldades são muito maiores, como, por exemplo, no caso de uma mulher lésbica com deficiência e idosa ou de um homem trans negro, que enfrentam mais barreiras para provar a sua competência.

    Cabe ao governo do estado, enquanto promotor de políticas públicas e, sobretudo, enquanto empregador, garantir que o ambiente de trabalho nos serviços públicos seja inclusivo e saudável, livre de discriminação e assédio. Mas, nós, trabalhadores (as) da saúde, sabemos muito bem que isso não acontece na prática.

    Nenhum avanço é obtido sem luta e o SindSaúde-SP segue atuante em defesa dos direitos dos trabalhadores (as) LGBTQIAP+ nos locais de trabalho. Temos em nossa organização um Coletivo de Igualdade de Oportunidades, com trabalhadores (as) das mais diversas regiões do estado, para tratar das questões específicas de segmentos que muitas vezes são invisibilizados, como as pessoas LGBTQIAP+, negres (os) (as), pessoas com deficiência e juventude. 

    Ao longo de seus 35 anos, nosso sindicato sempre se apresentou como aliado na defesa de direitos para a população LGBT. Foi assim, por exemplo, na primeira edição da então Parada Gay em São Paulo, quando nossa gente somou forças ao lado de outras organizações do funcionalismo público para dar visibilidade à batalha por respeito. 

    A organização dessa pauta nos sindicatos é fundamental para que consigamos avançar na defesa dos direitos para todes, por isso estamos estruturando comitês específicos que representem a multiplicidade de nossa categoria. Se você quer se somar a esta luta, procure o(a) diretor (a) responsável pela sua região e/ou a Secretaria de Igualdade de Oportunidades do Sindsaúde-SP.

    Neste Dia Internacional do Orgulho LGBT, reafirmarmos nosso compromisso com a luta por locais de trabalho livres de assédio e de lgbtfobia, e com a construção de uma sociedade mais igualitária, que respeite todas as formas de expressão de gênero, especialmente em tempos de avanços do conservadorismo. 

    O orgulho de ser LGBTQIAP+ é não se esconder, não baixar a cabeça para a intolerância e lutar pela desconstrução de padrões historicamente construídos para nos oprimir.

    *Renata Scaquetti é secretária de Igualdade de Oportunidades do SindSaúde-SP