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    Terceirização de segurança em aeroportos coloca serviços médicos de urgência sob risco
    Autor: Rede Brasil Atual
    04/06/2010

    Crédito Imagem:

    Por muito pouco, a tão esperada cirurgia para transplante de medula óssea num hospital público de Porto Alegre (RS) não foi adiada, colocando em risco da vida do jovem paciente. No dia 12 de maio passado, ao passar pelo aparelho de raio-X no aeroporto de Congonhas, carregando uma valise em que levava uma medula óssea retirada de um doador de São Paulo (SP), uma especialista em câncer infantil foi barrada por um agente. Mesmo com a documentação específica em mãos e a mala com a inscrição "medula óssea", a agente insistiu para que a bolsa fosse colocada na esteira o que poderia deteriorar o órgão.

    Embora o incidente tenha gerado muita confusão e a perda do vôo, o material chegou ao Hospital de Clínicas de Porto Alegre a tempo e em condições de ser transplantado. "Felizmente o doador era de uma cidade próxima e o atraso não causou danos, mas se fosse de outro país, tudo teria sido perdido" alerta o oncologista pediátrico Cláudio Galvão Castro Junior, responsável pelo setor no Hospital das Clínica da capital gaúcha.

    O presidente do Sindicato Nacional dos Aeroportuários, Francisco Lemos, atribui o episódio lamentável à terceirização do serviço, legalmente sob responsabilidade da Polícia Federal e não da Infraero. "Esses agentes, que começaram a substituir funcionários públicos na época do (ex-presidente) FHC (Fernando Henrique Cardoso), não recebem treinamento adequado e ganham salários até 50% menores. E quando vão aprimorando seu trabalho com a prática, são demitidos", denuncia Lemos.

    "Essas empresas, que prestam serviço de qualidade inferior, muitas vezes desaparecem e deixam o passivo trabalhista para a Infraero. A conta já chega a R$ 200 milhões". Ele afirma ainda que a "desterceirização" é uma das principais lutas do sindicato no Ministério Público.

    Riscos

    "Isso é inaceitável porque as chances de encontrar um doador compatível são muito pequenas", explica, referindo-se ao incidente de Congonhas. O médico Castro Junior conta que viveu situações assim em outros aeroportos. "No ano passado, um agente arrancou uma bolsa térmica da minha mão em Belo Horizonte (MG). Se eu não fosse rápido, a medula teria sido totalmente queimada pelo raio-X”, diz o médico.

    Incidentes como esses, como lembra Castro Junior, colocam em risco não só o sucesso de iniciativas de estímulo a doações de órgãos como também a vida de muitas pessoas. Ele considera um despropósito a falta de treinamento de profissionais diante do investimento do Sistema Único de Saúde (SUS) para custear as despesas de um transplante. "Quem são essas pessoas que atendem nesse setor do aeroporto? Como e por quem são treinadas?", lamenta.

    A reportagem da Rede Brasil Atual procurou a Polícia Federal. Apesar dos insistentes pedidos de esclarecimentos ao longo de duas semanas, o órgão não havia respondido às solicitações até as 18h20 da quarta-feira (2/6).

    Cida de Oliveira









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