Brasília já é a 3ª em consumo no país
Autor: Correio Braziliense
14/09/2010
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Até o fim de 2010, os brasilienses vão gastar R$ 47,9 bilhões em compras e no financiamento da casa própria. Esse volume de recursos deixará a cidade atrás apenas de São Paulo e do Rio de Janeiro no ranking nacional, ultrapassando em R$ 9 bilhões Belo Horizonte, que agora figura como a quarta economia entre as regiões metropolitanas do Brasil. Segundo analistas, o crescimento do consumo no DF é fora do comum e vai atrair investidores de peso para a cidade.
Brasília ultrapassou Belo Horizonte e conquistou o terceiro lugar entre as cidades com maior poder de compra, perdendo apenas para Rio Janeiro e São Paulo. A aquisição de imóveis é o que mais atrai os investimentos dos candangos
O potencial de consumo do Distrito Federal registrou um aumento este ano, que pode colocar Brasília na preferência de investidores de peso. Segundo o estudo IPC Maps, que traz dados sobre hábitos e capacidade de compra nas diferentes regiões brasileiras, em 2010 a população da capital federal gastará R$ 47,9 bilhões. A maior parte desse dinheiro — R$ 13,5 bilhões, ou 28% — irá para parcelas de financiamentos da casa própria. A projeção torna a cidade e a sua região metropolitana a terceira com o maior mercado consumidor do Brasil, atrás somente de São Paulo e Rio de Janeiro, deixando para trás Belo Horizonte, que detinha o posto em 2009.
No ano passado, as populações de São Paulo, Rio e Belo Horizonte tiveram estimativa de gastos de R$ 158,9 bilhões, R$ 99 bilhões e R$ 36,7 bilhões, respectivamente, de acordo com o IPC Maps(1). Brasília, com R$ 34,9 bilhões em despesas projetadas, figurava como dona do quarto maior potencial de consumo do país. Em 2010, o jogo virou. Além de desbancar a cidade mineira ao conquistar o terceiro posto, ultrapassando em R$ 9 bilhões, ou 19%, a previsão de gastos para Belo Horizonte, a capital federal registrou o maior incremento nos gastos entre os cinco primeiros maiores mercados de consumo. Entre 2009 e 2010, o volume de dinheiro previsto para circular no DF cresceu 37%, enquanto em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador, houve ampliação de 33,5%, 30,2%, 28% e 28,5% nos gastos. Na média nacional, a alta nas despesas estimadas foi de 16,11%, de R$ 1,8 trilhão para R$ 2,09 trilhões.
“Se você comparar Brasília com as demais, o desempenho foi fora do comum. A cidade passou a ser a terceira mais importante do país”, analisa Marcos Parizzi, diretor da IPC Marketing, empresa de consultoria responsável pela realização do IPC Maps. Para ele, o resultado torna a capital federal alvo de interesse para empreendedores. “Empresários trabalham com esse tipo de informação para definir investimentos, novos negócios. Brasília será considerada em projetos futuros”, acredita.
Gasto per capita
Um outro fator pesa a favor de Brasília além da expansão de seu mercado consumidor. Em terceiro lugar na medição da capacidade de consumo de sua população, a capital federal lidera o ranking de potencial de compra por habitante. Os gastos per capita anuais na cidade estão estimados em R$ 18.726 segundo o IPC Maps, contra R$ 16.191 para o Rio de Janeiro e R$ 15.973 para São Paulo.
Marcos Parizzi explica que, enquanto a projeção geral de despesas ajuda a delinear as dimensões do mercado de consumo de uma região, a estimativa de gastos por habitante sinaliza a capacidade de compra de uma população para além dos itens de primeira necessidade. “Quanto maior o consumo per capita, menos a renda está comprometida com despesas básicas. Significa que a população está com fôlego para investir em viagens, troca de veículo ou financiamento de uma casa”, explica.
Parizzi ressalta que, a exemplo da projeção feita para o DF, a compra da casa própria deve ser o principal destino do dinheiro no Brasil em 2010 — R$ 545 bilhões devem ser investidos em todo o território nacional. O fenômeno pode ser atribuído ao boom imobiliário vivido pelo país, impulsionado por medidas de estímulo à construção civil e pelo programa Minha Casa, Minha Vida(2), do governo federal, que facilita a edificação e aquisição de moradias populares.
Entre os brasilienses que destinarão parte de sua renda para a casa própria este ano, estão o servidor público Leonardo Oliveira, 33 anos, e a esposa dele, a administradora Luciana Alvares Oliveira, 35. Em 2009, o casal adquiriu um apartamento no Guará I. Agora, está à volta com as prestações, que serão pagas ao longo de 30 anos, a não ser que eles tenham condições de amortizar a dívida. O imóvel de dois quartos foi comprado por R$ 120 mil, e hoje é avaliado em R$ 200 mil em razão do aquecimento do mercado local.
“Poderíamos ter escolhido uma prestação maior e dez anos a menos no prazo do financiamento, mas optamos por qualidade de vida. Precisamos de carro, que também estamos comprando a prestações, e queremos que sobre uma margem de endividamento para viajar, ter o nosso lazer e poder dar um irmãozinho à Mariana”, diz Leonardo, referindo-se à filha de 10 meses de idade. De acordo com ele, apenas 30% da renda familiar está comprometida com as prestações da casa e do veículo.
1 - Estudo
A projeção anual de consumo realizada pela consultoria paulista IPC Marketing é toda baseada em dados secundários, a maioria deles originária do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para a IPC Maps 2010, por exemplo, foram usadas informações dos últimos censos demográficos e as estimativas populacionais mais recentes do IBGE. A fonte de mais peso para os cálculos foi a última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) da entidade, divulgada em julho último.
2 - Estímulo
O Minha Casa, Minha Vida foi lançado em 2009 no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O incentivo à construção civil teve dois objetivos: dar fôlego ao setor durante a crise econômica de 2008 e 2009 e servir de vitrine à candidatura de Dilma Rousseff, que concorre à Presidência da República pelo PT. Na primeira etapa do programa, a União destinou R$ 16 bilhões à cadeia produtiva e R$ 1 bilhão para crédito aos consumidores. Para a segunda etapa, lançada este ano, estão previstos R$ 71,7 bilhões para a construção de 2 milhões de casas em quatro anos.
Mariana Branco
Correio Braziliense
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/09/14/cidades,i=212825/BRASILIA+CONQUISTA+TERCEIRO+LUGAR+ENTRE+CIDADES+COM+MAIOR+PODER+DE+COMPRA.shtml
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