Investir em esporte é fazer inclusão social
Autor: Denise Motta Dau e Jacy Afonso
11/11/2010
Crédito Imagem: artigo-ja-de.jpg
O Brasil está prestes a sediar dois grandes eventos esportivos - Copa e Jogos Olímpicos, em 2014 e 2016 respectivamente. Para garantir a infraestrutura necessária, o País precisa dispor de um alto investimento em infraestrutura, mobilidade urbana, turismo e no caso dos jogos olímpicos, soma-se a estas demandas, arenas para a prática de esportes individuais e coletivos, além de alojamento, que devem ser construídos visando a sua utilização pós jogos. Todos os investimentos previstos terão como financiador principal, a União, ou seja, Estados e municípios a partir de empréstimos do BNDES e do Fundo de Investimentos do FGTS.
Muito embora sejam necessários e importantes para o desenvolvimento, estes investimentos precisam ter como foco central o desenvolvimento local e a população das grandes cidades-sede e do seu entorno. As cidades que sediarão a Copa ainda são carentes em infraestrutura (aeroportos, transporte de massa), saúde e educação, além do baixo ou nenhum investimento no esporte por parte do poder público ou setor privado. É preciso salientar que o esporte deve ser visto como fator de integração e inclusão, em especial de jovens e adolescentes pobres e o seu legado vai para além dos grandes eventos em que podem representar o Brasil.
Não basta investir em grandes arenas, se não dermos a devida importância para aquelas e aqueles que devem ser beneficiados neste processo - as populações locais e em especial os setores mais vulneráveis da sociedade – crianças, jovens e adolescentes como forma de inclusão e proteção contra a exploração sexual, contra o trabalho infantil e contra a entrada cada vez maior de jovens no uso de entorpecentes e ou tráfico de drogas.
Neste momento, em que os olhos do mundo estão voltados para nós é importante nos questionarmos sobre qual o legado que queremos deixar para a sociedade, para o País. Queremos que os investimentos públicos financiem empresas sem nenhum critério? Quais são as metas de emprego? De inclusão de jovens e crianças no esporte? O que queremos do turismo? Aquele que degrada o meio ambiente, que só incentiva a prostituição, ou aquele que pode favorecer uma boa imagem do país lá fora e que gere emprego de qualidade? Enfim, o que queremos de positivo com estes dois grandes eventos, a curto, médio e longo prazo para nossas cidades?
Portanto, a nosso ver os investimentos precisam de critérios, metas, contrapartidas e transparência. Acreditamos que investir no esporte pode ser um dos maiores legados para a sociedade, que vai para além de investimentos apenas em infraestrutura. Para isso é preciso contar com a parceria do setor privado que deve assumir compromissos neste momento.
Outro aspecto necessário neste processo é que os investimentos feitos tanto para empresas do setor privado como para Governos venham acompanhados de contrapartidas sociais, ou seja, além da implementação de políticas que visem o acesso ao esporte, sejam desenvolvidas, também, políticas que garantam a manutenção e ampliação de direitos dos trabalhadores (as), a exemplo da negociação coletiva, da organização sindical e do exercício do trabalho sem riscos à saúde e com proteção, além da sustentabilidade ambiental. Tudo isso deve fazer parte das premissas para empréstimos e investimentos públicos, seja ele de qualquer natureza.
É preciso que tenhamos – sociedade e governantes, a prática do esporte como um dos importantes meios para a inclusão social. O investimento no esporte é também investimento no futuro, no futuro de gerações, portanto não pode ser visto apenas como gasto ou como privilégio de poucos, mas como um direito dos nossos jovens e crianças.
Jacy Afonso – Secretário Nacional de Organização e Política Sindical
Denise Motta Dau – Secretária Nacional de Relações de Trabalho
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