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    Cooperativa de costureiras cria roupas populares
    Autor: SINDSAÚDE-SP
    31/12/1969

    Crédito Imagem:

    Cidade Tiradentes não é mais apenas nome de um conjunto habitacional na periferia da zona leste. Agora, é sinônimo de moda. Domingo será lançada a grife Cidade Tiradentes. Além de oferecer roupas com preços 50% mais baixos que os de mercado, todo o produto está sendo feito com mão-de-obra da comunidade. Mas o objetivo de pôr o bairro nas passarelas vai além de gerar emprego. Acredita-se que até a auto-estima da população - calculada em 400 mil pessoas - vá aumentar.

    A grife Cidade Tiradentes, cujo símbolo é um conjunto de prédios, terá roupas para crianças, jovens, homens e mulheres. Terá também uma linha praia, já que o conjunto tem piscinas. E, no próximo ano, a marca terá moda específica para os evangélicos.

    O sonho da grife começou há três anos, com o presidente da Associação dos Mutuários e Moradores do Conjunto Santa Etelvina (Acetel), Silvio Amorin.

    "Cidade Tiradentes tem potencial reprimido de compra, porque não existem locais para comprar. Tudo tem de ser adquirido nos bairros vizinhos, a cerca de 8 quilômetros de distância", explica Silvio, que desenvolve programas de melhoria de qualidade de vida e geração de renda na comunidade.

    Segundo ele, a população local tem poder de compra, já que a renda média familiar é de R$ 1 mil. "Nossas roupas serão de boa qualidade e vão ter um preço acessível porque não haverá intermediários nem custos de transporte."

    Amorin acredita que uma calça jeans poderá custar entre R$ 12,00 e R$ 20,00.

    O diretor da Acetel Clemente Santos afirma que as roupas mais sofisticadas, como os vestidos e blusas para a noite, não passarão de R$ 30,00. "Acima desse preço, as peças serão inacessíveis."

    Com relação aos evangélicos, Amorin diz que já perdeu a conta do número de igrejas instaladas entre as casas e prédios do conjunto. "Essas pessoas usam roupas específicas, como vestidos e saias mais longos, e enfrentam dificuldades para encontrar suas peças. Além de atender a esses requisitos, as roupas da grife serão bonitas."

    Cooperadas - O primeiro passo para a criação da grife foi dado há um ano, com a criação da Cooperativa de Trabalho das Costureiras de Cidade Tiradentes. Para que possam dar conta do trabalho, o número de cooperadas passará de 32 para 64 ainda neste mês. Outras 20 mulheres serão contratadas no mês que vem para trabalhar como "sacoleiras".

    "Vamos montar um catálogo e essas vendedoras irão de porta em porta, oferecendo os produtos", conta Amorin. A cooperativa terá ainda uma loja.

    O desfile será no domingo, no conjunto habitacional. De acordo com Amorin, faltam cerca de R$ 10 mil para a compra de mais tecidos. "Vamos conseguir de qualquer jeito."

    Todas as roupas que prometem virar a cabeça dos moradores de Cidade Tiradentes estão sendo criadas por Verônica Rodrigues, de 19 anos, estudante de estilismo. A jovem tem uma característica que considera fundamental em seu trabalho: conhece o gosto da comunidade e o estilo de vida porque morou no conjunto durante 17 anos. "Consigo ter uma boa idéia do que vai ou não agradar às pessoas, porque sei o que é morar em Cidade Tiradentes", diz. Ela afirma, por exemplo, que cores berrantes e estilo futurista não agradariam.

    A estilista acredita, porém, que farão sucesso roupas customizadas, ou personalizadas, com pedras, retalhos ou pintadas.

    Moradora há 15 anos de Cidade Tiradentes, Vanessa Santos, de 22 anos, pretende usar as roupas. "Vou economizar tempo e o dinheiro do transporte", afirma. Ela costuma fazer suas compras no Shopping Aricanduva e leva cerca de uma hora para chegar lá. "E para conseguir um vestido simples, que custe uns R$ 60,00, tem de andar muito."

    Fonte: Marici Capitelli - O Estado de S. Paulo









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