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    Uma carta, escrita por um usuário, escancara as mazelas do governo est
    Autor: SINDSAÚDE-SP
    31/12/1969

    Crédito Imagem:

    Veja a carta em que o sr. Orlando Maretti descreve o casos instalado no Hospital do Mandaqui.


    "São Paulo, 24 de Setembro de 2003.


    Prezados Senhores,


    em nome de minha família quero denunciar as condições lamentáveis em que se encontram as dependências do Complexo Hospitalar Mandaqui, na Zona Norte da Capital, particularmente do Pronto Socorro e serviços de emergência. Já enviamos esta carta à Secretaria Estadual da Saúde e ao Gabinete do Governador do Estado, mas passadas duas semanas não obtivemos qualquer resposta.


    Uma sala que deveria servir apenas para a triagem de pacientes que chegam ao serviço de emergência (Pronto Socorro Adultos) foi transformada num ambulatório, onde se amontoam doentes em precárias macas, em péssimas condições de higiene. Nos três dias em que tivemos acesso àquela sala, para acompanhar o tratamento e ter notícias de uma tia idosa ¾ Rosa Galetti Araújo Santos ¾ que ali foi internada, acometida de pneumonia, pudemos constatar a precariedade do atendimento e do tratamento dispensado aos pacientes.


    Os funcionários e médicos até que se esforçam, mas observa-se que as instalações são inadequadas. O piso é sujo, vêem-se manchas de sangue, amontoam-se restos de curativos em recipientes de lixo abertos, respira-se um ar fétido, dado o número de feridos e pacientes que ali se acumulam. Não existem salas de espera e os banheiros disponíveis espantam pelo mau cheiro e carência de higiene.

    Avisados da morte de nossa tia, na manhã do dia 4 de Setembro, nos apresentamos ao setor competente para iniciar a tramitação dos papéis para providenciar o enterro. Tivemos que esperar até às 14h30 para que uma médica fosse encontrada para assinar a declaração de óbito. Um absurdo burocrático e um desrespeito à família que já sofrera o suficiente naquele cenário dantesco.

    Como o velório foi realizado nas dependências daquele complexo hospitalar (sic), circulando pelo local pudemos constatar que muitos prédios encontram-se em péssimas condições de conservação e alguns exibem faixas com a inscrição "Interditado", e é visível a insegurança dessas dependências. Ainda assim, observamos que ainda funcionam o Laboratório de Análises Clínicas e o Ambulatório de Especialidades.


    Mas, o que mais nos espantou, foi uma enorme placa do Governo do Estado de São Paulo, voltada para a Rua Voluntários da Pátria, anunciando que o tal complexo hospitalar (sic) estaria sendo reformado. No pátio interno, pudemos contar mais de uma dezena de placas indicativas de estacionamento exclusivo para os diversos gerentes que ali trabalham. O que denota uma excessiva preocupação com a hierarquia e com a burocracia, e quase nenhum compromisso com os resultados daquela instituição.


    Uma nota irônica: em cada dependência por que passamos, encontramos formulários para avaliar a qualidade dos serviços. Ocorre que a grande maioria dos que demandam os serviços daquela instituição são gente simples, sofrida, que sequer tem consciência de seus direitos, quanto mais condições de avaliar se seus doentes estão sendo bem ou mal tratados.

    O ilustre governador Geraldo Alckmin, que é médico, sem dúvida se sensibilizaria com as cenas que descrevemos e que fazem parte do cotidiano de pacientes, médicos, enfermeiros, técnicos e funcionários que dependem do Complexo Hospitalar do Mandaqui para serem tratados ou para exercerem suas atividades profissionais.



    Atenciosamente.

    Orlando Maretti









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