Farra eleitoreira
Autor: CUT
16/02/2006
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Por trás da propaganda oficial que tenta vender “austeridade, responsabilidade e trabalho”, o governador de São Paulo e presidenciável declarado Geraldo Alckmin já entrou no clima de fim de governo com um aumento de 16,75% no próprio salário, que passou de R$ 12.720 para R$ 14.800 desde o último mês de janeiro.
O aumento foi autorizado pela Lei 12.152, de 13 de dezembro de 2005, e beneficia também o vice e os secretários estaduais. Detalhe: a lei retroage a 1º de setembro do ano passado e facultou ao governador e vice “o direito à renúncia pessoal” da diferença até janeiro.
Mas, de olho no apoio de correligionários para a disputa interna dos tucanos, o governador quis deixar ainda mais satisfeitos também os diretores e conselheiros das empresas estatais: os do chamado Grupo 1, com teto salarial limitado ao do governador, receberam os mesmos 16,75% de aumento real nos salários (de R$ 12,720 para R$ 14.800); os do Grupo 2 tiveram 23,10% a mais para gastar, passando de R$ 9.667 para R$ 11.900; enquanto salários do Grupo 3 aumentaram 32,85%, saltando de R$ 5.510 para R$ 7.320.
Os aumentos concedidos aos “honorários” dos diretores têm como referência o “subsídio” do governador e estão propostos e justificados em parecer do Codec (Conselho de Defesa dos Capitais do Estado), que leva o n° 150 e data de 14 de dezembro de 2005. Dentre as justificativas apresentadas estão a “defasagem de valores” não ajustados desde abril de 2003, a “valorização profissional” e a “adoção de adequada política motivacional” diante de “conhecidos desafios” para conciliar “as exigências de eficácia e eficiência no atendimento dos objetivos sociais”.
Não bastassem os aumentos excessivos aos diretores, o Codec considerou também “oportuna a extensão aos membros de Conselho de Administração” do bônus anual, passando a usufruir “do mesmo tipo de incentivo concedido à diretoria” e abocanhando sua parte nos 10% dos dividendos ou juros sobre capital próprio distribuídos ao acionistas, com limite de seis remunerações.
Apesar do voto contrário dos representantes do Sinergia CUT, acionista minoritário, o parecer do Codec foi aprovado nas Assembléias Gerais Extraordinárias (AGEs) das estatais paulistas - CESP, EMAE e CTEEP - realizadas no final de janeiro e início de fevereiro.
A conclusão é uma só: enquanto deixa funcionários públicos sem reajuste, Alckmin está querendo deixar diretores e conselheiros muito satisfeitos com esse aumentaço para que possam fazer sua campanha dentro da máquina pública. Óbvio que é uma grande farra eleitoreira.
Artur Henrique da Silva Santos
Secretário Geral da CUT e diretor do Sinergia-CUT
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