Notícia
A desigualdade social sofrida pelas mulheres que atuam no ramo da seguridade foi um dos temas debatidos na 4ª edição do Encontro Nacional das Mulheres do Ramo, realizada na manhã da última quarta-feira (25), pela CNTSS/CUT – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social da Central Única dos Trabalhadores, entidade à qual o SindSaúde-SP é filiado.
A atividade, que precedeu os trabalhos do 8º Congresso Nacional da Confederação, contou com a participação de mais de 100 pessoas e teve como palestrante a socióloga e ex-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci de Oliveira, que tratou dos avanços nas políticas públicas para as mulheres durante o governo de Dilma Rousseff e que, infelizmente, foram praticamente abandonadas desde o golpe de 2016.
Em sua fala, Eleonora destacou a violência institucionalizada sofrida pelas mulheres, que não é somente a violência física, mas também a social e de direitos. “A violência contra as mulheres é uma epidemia patriarcal, por conta do machismo e da misoginia e, por isso, temos que lutar incansavelmente no combate à violência contra a mulher”, reforçou.
Eleonora também destacou que é contra o entendimento de que as mulheres começaram a trabalhar em 1970. “Elas foram para o mercado de trabalho, em 1970, mas já trabalhavam há séculos e séculos, que é o tal trabalho de casa”, afirmou, completando: “E com a pandemia sofremos muito mais, porque as mulheres passaram a trabalhar o dia inteiro por uma tela e ainda tem o trabalho doméstico e, em alguns casos, elas tiveram que cuidar das pessoas próximas que ficaram doentes pela Covid-19 ou por outras doenças.”
Fragilização dos vínculos
Também participou como palestrante do evento a professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Marilane Teixeira, que trouxe para o debate o perfil das mulheres que atuam na seguridade social. “Setenta a 80% dos profissionais que atuam na seguridade social são mulheres. E, no final de 2020, em torno de 500 mil mulheres que trabalhavam na área da seguridade social, na administração pública, estavam na informalidade”, apontou.
A professora da Unicamp também destacou que há muitos anos não são realizados concursos públicos para as áreas da seguridade social e que a reforma trabalhista (lei 13.467, de 2017) e aprovação da Emenda Constitucional 95, que limitou o teto de gastos, potencializaram a fragilização dos vínculos empregatícios.
Segundo Marilane, se a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 32 for aprovada, será mais uma lei com grande impacto para as mulheres, pois altera ainda mais as formas de contratação.
Trabalhadora da saúde
A presidenta do SindSaúde-SP, Cleonice Ribeiro, ressaltou, no momento de debates, as dificuldades das mulheres trabalhadoras da saúde. “A realidade das trabalhadoras da saúde já estava muito complicada, devido à falta de valorização, a sobrecarga de trabalho, somados à tripla jornada. Com pandemia de Covid-19, a situação dessas trabalhadoras piorou. Infelizmente, vimos centenas de companheiras perderem a vida por essa doença, enquanto o governo do estado não fornecia EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual)”, lamentou.
Abertura
A abertura do evento também teve a participação de Sandro Alex de Oliveira Cezar, presidente da CNTSS/CUT; Maria Julia Reis Nogueira, diretora Executiva da CNTSS/CUT, diretora Executiva da CUT Nacional e secretária de Formação do Sintprev Maranhão; Junéia Batista, secretária Nacional de Mulheres da CUT; e Denise Motta Dau, secretária Sub-regional da Internacional de Serviços Públicos (ISP) Brasil.
“A nossa confederação tem um papel muito importante, pois tem feito a luta em defesa da seguridade no país, que atende, principalmente, os mais pobres, mas não só eles”, ressaltou Cezar. “Também é importante reforçar a importância do SUS no combate à pandemia, pois foi ele que salvou milhares e milhares de brasileiros vítimas da Covid-19”, complementou.
A deputada federal Benedita da Silva, que não pôde participar do evento, mandou um vídeo no qual justificou sua ausência por conta da agenda na Câmara dos Deputados. Ela enfatizou que é necessário lutar contra os inúmeros ataques sofridos no último período.
“É importantíssimo discutir pautas da seguridade social. Nós temos mais de 15 milhões de pessoas desempregadas, metade do país sem segurança alimentar, o Brasil voltando ao mapa da fome, famílias inteiras morando na rua, precarização das relações de trabalho, 580 mil mortos de Covid por negligência do governo. Tudo isso não tem sentido”, avaliou a deputada.
Encontro
O 4º Encontro Nacional de Mulheres do Ramo foi coordenado pela secretária Maria de Fátima Veloso Cunha, secretária de Mulheres da CNTSS/CUT e secretária Adjunta da Secretaria de Saúde do Trabalhador da CUT Nacional, que lembrou que o primeiro Encontro Nacional de Mulheres foi realizado há 15 anos. “É um orgulho muito grande que nós estamos diuturnamente aqui resistindo à pandemia, às péssimas condições de trabalho e a esse governo genocida”, disse.
Maria de Fátima também destacou a importância da participação de Eleonora e de Marilane no encontro. “É importantíssimo para nossa luta contar com pessoas como vocês, que trazem dados e resultados de pesquisas, pois é com essas informações que fazemos a defesa das trabalhadoras e dos trabalhadores e das políticas de seguridade social”, informou.
Também participou da coordenação a vice-presidente da CNTSS/CUT e diretora do Sindesc/PR, Isabel Cristina Gonçalves. “É importante pensar nas pessoas acima do lucro e reafirmar o estado de bem-estar social como um objetivo da nossa organização e nós (CNTSS) estamos à frente dessa luta em toda a história”, concluiu.
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