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    Por que o HC pegou fogo?
    Autor: SindSaúde-SP
    08/01/2008

    Crédito Imagem:

    O incêndio no prédio do ambulatório do HC na noite de Natal é mais um exemplo do descaso do Governo do Estado com a saúde pública e a vida da população.

    Mais uma vez esse Governo tenta se eximir de responsabilidade, falando da autonomia do hospital para gerir seus recursos. A direção do HC, por sua vez, acusa a morosidade de uma licitação. E assim segue um desfile de justificativas para o injustificável. E de quem é a culpa? Do cidadão que morreu?

    O incêndio é mais uma trágica conseqüência do sucateamento da rede pública estadual de saúde que o Sindsaúde-SP vem denunciando sistematicamente. As condições de trabalho e atendimento são precárias, faltam recursos humanos, material e manutenção nos equipamentos e infra-estrutura geral. Os profissionais devem contar com salário digno, plano de carreira, capacitação permanente e política de saúde para o trabalhador, pois como acontece diariamente foi o profissionalismo dos trabalhadores públicos da saúde que evitou tragédia maior.

    Não é falta de recursos financeiros. São Paulo é o estado mais rico do país. É uma questão de prioridades. O Governo não investe na saúde porque decidiu há mais de 10 anos transferir os serviços públicos para o setor privado. Primeiro foram entregues hospitais novos. Em seguida unidades antigas reformadas, dando a ilusão de que a gestão privada, através de entidades cadastradas como organizações sociais de saúde (OSS), é melhor do que a pública.

    Na mesma semana do incêndio no HC, a Secretaria Estadual de Saúde anunciou a liberação de R$ 1,3 bilhão para hospitais gerenciados pelas OSS. No entanto, as portas corta-fogo do HC vão esperar até meados de 2008 para serem instaladas. Um mês antes da tragédia, o Ministério Público Estadual arquivou um inquérito sobre problemas de segurança no HC, iniciado em 2003, considerando que providências estavam sendo tomadas.

    A desculpa que o Governo do Estado usa para se eximir da culpa pelo sinistro no HC - autonomia para gerir os recursos - é a mesma justificativa usada para exaltar o modelo de gestão pelas OSS. É a mesma autonomia que tinha a Fundação Zerbini para gerir os recursos do Incor e cavar um rombo de R$ 250 milhões que, no final das contas, está sendo pago com dinheiro público.

    A saúde pública no estado está se transformando em negócio rentável. A Secretaria Estadual da Saúde cita até um estudo do Banco Mundial que aponta o modelo paulista como exemplo viável e extremamente positivo para a gestão de hospitais públicos. No entanto, ignora a deliberação dos Conselhos Nacional, Estadual e Municipais de Saúde, formados por gestores, trabalhadores e usuários da saúde, que se posicionaram contrários a esse modelo de gestão.

    Se o maior hospital da América Latina estava vulnerável a um incêndio, como estão os subterrâneos e dutos de outros hospitais públicos?

    Benedito Augusto de Oliveira
    Presidente do Sindsaúde-SP









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